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Este é um blog sobre Matemática em geral, com ênfase no período clássico-medieval, também sobre as Artes liberais (Trivium e Quadrivium), so...

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Lista de livros sobre a Educação verdadeira - parte 1

Vincent van Gogh, Os livros amarelos, 1887
Neste texto, trago uma lista com alguns livros em língua portuguesa sobre educação. O critério da lista foi a minha pesquisa por livros sobre educação que não contivessem influências ideológicas e que estivessem preocupados em explanar sobre uma verdadeira educação. Muitos desses livros foram publicados pela primeira vez ou republicados recentemente no Brasil. Obviamente não é uma lista completa ou definitiva. Espero que continuar esta lista posteriormente.






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História da Educação na AntigüidadeHenri-Irénée Marrou. EPU, 1973 e Edições Kírion, 2017.

Sinopse: "Não se deve dizer, como o fazem freqüentemente seu detratores, que a cultura clássica 'nasceu com a cabeça virada para trás', olhando para o passado: ela não é como um outono, torturado com a lembrança nostálgica da primavera desaparecida. Ela se imagina, antes de tudo, como firmemente estabelecida num imóvel presente, em plena luz de um quente sol de verão. Ela sabe, ela reusa; os mestres estão ali.

Pouco importa que eles hajam aparecido em tal ou qual momento do passado, sob o efeito de tal ou qual força histórica: o importante é que existam, que novamente os descubra, da mesma maneira, cada uma das gerações sucessivas, que sejam reconhecidos, admirados, imitados".



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História da Educação na Antigüidade Cristã. Ruy Afonso da Costa Nunes. EPU, 1978 e Edições Kírion, 2018.

Sinopse: Henri Marrou dedica os dois últimos capítulos de sua História da Educação na Antigüidade às relações entre a educação clássica e o advento do Cristianismo e ao surgimento das escolas cristãs de tipo medieval. Nesta História da Educação na Antigüidade Cristã, Ruy Afonso da Costa Nunes dá seqüência ao trabalho de Marrou expondo as concepções pedagógicas dos Santos Padres — os doutores e escritores cristãos dos primeiros séculos — no contexto escolar e cultural do fim do mundo antigo.

“O Logos divino se encarnou, se fez homem para a nossa salvação. Agora não precisamos mais de nenhuma escola humana, não nos devemos preocupar com Atenas, com o resto da Grécia ou com a Jônia. Temos por didáscalos, mestre, aquele que tudo sabe e tudo criou com o seu poder e a sua bondade, e esse Mestre tudo nos ensina por meio das suas profecias, das suas leis e da sua doutrina, e pelo Logos divino o mundo inteiro tornou-se Atenas e Grécia”.

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História da Educação na Idade MédiaRuy Afonso da Costa Nunes. EPU, 1979 e Edições Kírion, 2018.

Sinopse: Depois de ter exposto, em sua História da Educação na Antigüidade Cristã, as idéias e a prática pedagógica dos Santos Padres, Ruy Afonso da Costa Nunes examina agora as transformações culturais e educacionais que ocorreram desde o fim do mundo antigo — a evangelização dos bárbaros e a preservação da cultura greco-romana feita pelos monges cristãos — até o século XIII, “o maior dentre os séculos”, com o surgimento das universidades e da escolástica, o apogeu da educação medieval.

“Da queda de Roma em 476 e do ocaso do Império Romano do Ocidente até ao surgimento da nova civilização medieval no início do século XII, estendem-se os séculos intermediários em que se contam as agitações, as guerras, a insegurança e as invasões, ao mesmo tempo em que se registra a cristianização dos povos germânicos e se processa a assimilação do patrimônio cultural antigo preservado pela Igreja Católica”.

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História da Educação no RenascimentoRuy Afonso da Costa Nunes. EPU, 1980 e Edições Kírion, 2018.

Sinopse: Nesta História da Educação no Renascimento, Ruy Afonso da Costa Nunes descreve a grande transformação que se deu na Europa nesta época, compondo, com riqueza de detalhes, o quadro geral das causas que confluíram para o ocaso da Idade Média e para a ascensão do humanismo. Além de delinear a mudança nas concepções e nas práticas pedagógicas no Renascimento, o historiador oferece um verdadeiro roteiro de estudos a quem queira se aprofundar no tema, registrando a biografia e as principais obras dos pedagogos mais relevantes do período.

“O fato histórico do Renascimento resultou da confluência de numerosos elementos de natureza diversa: grandes transformações econômicas e sociais, os descobrimentos marítimos e a formação dos impérios coloniais, surgimento de nova arte, aparecimento do humanismo e da ciência moderna, e a crise religiosa que levou à revolução protestante e à reforma católica. [...] A transformação da vida social na Europa, a aceitação de novos valores e o culto do ideal profano da vida pagã alardeado nas obras clássicas refletiu-se de modo claro na educação renascentista, nos escritos dos pedagogos e dos humanistas. Através do estudo da história das instituições e das idéias educacionais do Renascimento pode avaliar-se a extensão e a intensidade das transformações pelas quais passou a Europa no fim da Idade Média e no início da Idade Moderna”.

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História da Educação no século XVIIRuy Afonso da Costa Nunes. EPU, 1980 e Edições Kírion, 2018.

Sinopse: Com esta História da Educação no Século XVII, o autor encerra sua descrição das concepções, práticas e valores educacionais iniciada na História da Educação na Antigüidade Cristã. Tendo exposto as idéias pedagógicas dos primeiros mestres cristãos, as mutações culturais e civilizacionais transcorridas do fim do mundo antigo até o apogeu das universidades medievais, e em seguida o renascimento do humanismo por sobre o ocaso da Idade Média, Ruy Afonso da Costa Nunes delineia agora o nascimento da ciência e da filosofia modernas e sua influência na educação, tanto na metodologia e na formulação da didática como nos próprios conteúdos a serem estudados. Retrata, além disso, as diversas iniciativas de educação popular promovidas pela renovação das ordens religiosas.

“O século XVII foi a época da gênese da ciência moderna, com grandes avanços no campo das matemáticas e com o emprego vitorioso do método experimental que deu impulso às ciências da natureza, e à física de maneira especial. [...] Pareceu-nos válido e proveitoso começar este livro por um capítulo consagrado à apresentação panorâmica do século XVII, a fim de bem situar a floração das idéias pedagógicas e a germinação de certas instituições educacionais numa época de profunda perturbação política e de crise da consciência européia. [...] Cumpre, ainda, lembrar que fazemos questão de dar ênfase aos aspectos educacionais do século XVII que mais influenciaram os países latinos e que mais interessam à nossa própria história cultural”.

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Paideia: A formação do homem grego. Werner Jaeger. WMF Martins Fontes, 2010.

Sinopse: "Esta obra famosa de Werner Jaeger, um dos marcos da cultura do nosso tempo, é o estudo mais profundo e completo sobre os ideais de educação da Grécia antiga. Jaeger estudou a interação entre o processo histórico da formação do homem grego e o processo espiritual através do qual os gregos chegaram a elaborar seu ideal de humanidade. A partir da solução histórica e espiritual, foi possível chegar ao entendimento da criação educativa sem par de onde se irradia a imorredoura influência dos gregos sobre todos os séculos".

 

 

 

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Didascalicon. Sobre a Arte de Ler. Hugo de São Vitor. Edição bilíngüe Latim-Português. Tradução e notas: Roger Campanhari. Edições Kírion, 2018.

Sinopse: O que aqui se oferece ao leitor é uma obra rica e profunda, que por muito tempo constituiu um dos pilares da educação cristã. Neste Didascalicon sobre a arte de ler, o mestre Hugo de São Vítor apresenta as artes liberais e orienta seus alunos mostrando o que devem ler, em que ordem e, especialmente, de que modo devem fazê-lo. Tendo como base a tradição e as Sagradas Escrituras, sua pedagogia visava formar os estudantes para alcançarem a contemplação, o último grau da Sabedoria — com a qual “tem-se um antegosto nesta vida do que será a recompensa futura” —, uma formação integral que proporcionasse a união com Deus. Colocando o foco da educação no próprio estudante, este modelo da educação cristã não é um livro sobre como ensinar, mas sim sobre como aprender; não é um tratado de didática, mas uma verdadeira aula a todo aquele que deseje percorrer o caminho que conduz à Sabedoria.

“Existem principalmente duas coisas por meio das quais alguém é conduzido ao conhecimento, a saber, a leitura e a meditação, das quais a leitura vem em primeiro lugar no aprendizado, e é sobre ela que se ocupa esse livro, oferecendo os preceitos da arte da leitura. São três os preceitos mais necessários à leitura: primeiro, saber o que se deve ler; segundo, em que ordem se deve ler, isto é, o que vem antes e o que vem depois; terceiro, de que modo se deve ler. Este livro trata destes três preceitos, separadamente. Assim sendo, ele instrui tanto sobre a leitura dos escritos profanos quanto sobre a dos divinos”.

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A Formação da Personalidade. Padre Leonel Franca. Agir Editora, 1938. Edições Hugo de São Vitor, 2019 e Edições Kírion, 2019

Sinopse: Composta por diversos escritos pedagógicos e morais de Leonel Franca e lançada originalmente em 1938, esta obra nos desafia a arregaçar as mangas, pegar no arado e mover os sulcos empedrados e desnutridos de nossa alma!

Em suma, uma obra que molda caráter!

Trecho inicial do capítulo I Formação:

"Quem diz formação diz esforço para adquirir ou comunicar uma forma. E forma tem, aqui, não o seu significado óbvio e corrente de feitio, figura, aparência externa das coisas, forma; mas o sentido mais profundo e filosófico de perfeição, atuação de uma potencialidade anterior. Formar-se é, no sentido amplo, adquirir novas qualidades, acordar perfeições que dormiam nas possibilidades da nossa natureza.

Nessa acepção formação é quase sinônimo de cultura, e a análise de uma destas noções esclarece a outra. A palavra cultura, aplicada ao homem, é metafórica e deriva da analogia com os campos, aos quais se aplicam primeiro e ainda se aplica em sentido próprio. Cultivai --- Agricultura. Tomai uma terra no seu estado nativo; cardos e espinhos, ervilhaca e tiririca; plantas úteis e ervas venenosas --- tudo em desordem e confusão --- é uma terra brava --- selvagem. Passai-lhe o arado, arroteai-a, enriquecei-lhe com adubos apropriados a fecundidade natural e tereis jardins, pomares e plantações: é uma terra cultivada. Transportai a analogia para nossa vida superior.

Também aqui, no domínio do espírito --- uma grande possibilidade da natureza, a psicologia humana com toda a riqueza de suas virtualidades latentes; a inteligência, o sentimento, a atividade. Também aqui deixai todas estas virtualidades em seu estado bruto, nativo --- tereis o homem selvagem --- o bárbaro, o inculto. Aplicai-lhes o esforço, o trabalho que fecunda a natureza e desenvolveis as suas forças originais, tereis o homem culto ou cultivado".

Como pode-se ver, haverá um você antes e um você depois deste livro; realmente é algo precioso.

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Encíclica Divini Illius Magistri: Sobre a Educação Cristã. Pio XI. Várias editoras. Santa Sé, 1929. Disponível pelo link.

Sinopse: A encíclica trata da educação cristã da juventude, e foi escrita em resposta ao surgimento (principalmente no século XIX e início do século XX) das “novas teorias pedagógicas”, que erroneamente propunham métodos e meios, não só para facilitar, mas também para criar uma nova educação de “infalível eficácia”, que pudesse preparar as novas gerações para a suspirada felicidade terrena.

Diante desse cenário, o Papa propôs os seguintes questionamentos:

- Qual o papel da família, da Igreja e do Estado na educação?

- O que pensar da educação pública gratuita, das escolas mistas, da educação sexual?

- Os católicos ainda são obrigados a mandarem seus filhos estudarem em escola católicas?

- É lícito ter professores não católicos nas escolas católicas?

- Os pais devem proteger os filhos dos meios de comunicação de massa?

Estas questões foram respondidas por Pio XI neste documento que define um programa completo de recristianização da sociedade, defendendo as prerrogativas da família e a supremacia da Igreja contra um Estado laico, que cada vez mais busca arrancar os jovens das famílias para educá-los na ideologia revolucionária. Apesar de ter sido publicada em 1929, as falsas doutrinas educacionais de então pouco mudaram, fazendo desta encíclica um antídoto seguro, eficaz e atual contra os erros do nosso tempo.

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Filosofia da Educação segundo Santo Tomás de Aquino. Mary Meyer e Edward Fitzpatrick. Editora Odeon, 1935 e Editora Rumo à Santidade, 2023.

Sinopse: A educação no Brasil tem passado por diversas transformações nos últimos anos. Tanto o fomento às escolas em tempo integral quanto o novo currículo do Ensino Médio sinalizam mudanças profundas na formação de nossas crianças e adolescentes. Este cenário, muitas vezes incerto, convida pais e professores, preocupados em transmitir valores perenes, a se prepararem cada vez melhor para o mister de ensinar e a contraporem as ideologias antinaturais que se ocultam de múltiplas maneiras, em especial nos materiais didáticos.

Podem recorrer os educadores com segurança à obra “De magistro” de Santo Tomás de Aquino que, apesar dos seus séculos de existência, não foi até hoje superada em questões de filosofia da educação por quaisquer outras teorias, inclusive de inspiração evolucionista. Portanto, o presente livro se harmoniza, sem percalços, às necessidades de nosso contexto, como se verifica nos comentários elaborados pelos autores.

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Filosofia da Educação. Dom Antônio Maria Alves de Siqueira. Editora Vozes, 1948 e Calvariae Editorial, 2021

Sinopse: De fato, educar é transmitir espiritualmente a própria personalidade, em todo o seu complemento, não somente no que respeita aos conhecimentos especulativos, senão também e maximamente no que interessa ao procedimento moral e princípios de ação. Como transmitir o que se não possui? Aprender, portanto, antes de ensinar. "Há de ser péssimo mestre o que nunca aprendeu a ser discípulo. Miserum est enim eum fore magistrum qui nunquam se novit esse discipulum". Formar-se a si próprio, antes de formar os outros.

"Nada poderá substituir a séria reflexão sobre as operações da própria alma; este é o estudo que leva ao conhecimento exato dos homens".

"É erro profundo, ensina Spalding, crer que princípios, regras e métodos constituem o principal em matéria de educação. O professor vale o que vale o homem".

E, portanto, "teacher, educate thyself".

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A Educação Segundo a Filosofia PereneAntônio Donato Paulo Rosa. Disponível pelo link.

Sinopse: Vamos esboçar um plano a ser seguido, dividido em dez capítulos:

No primeiro capítulo, do qual estas linhas já fazem parte, fazemos uma introdução e um apanhado de notas biográficas sobre a vida e a obra de S. Tomás de Aquino.

No segundo capítulo, com base no Comentário ao Livro X da Ética, mostraremos como o fim do homem é a felicidade e como esta felicidade, não considerando os dados da Revelação, reside na contemplação; mostraremos, em seguida, a concepção de educação que daí se origina.

No terceiro capítulo, examinaremos os pressupostos históricos desta concepção de educação cuja finalidade última é a contemplação.

No quarto capítulo, examinaremos os pressupostos psicológicos que fundamentam esta forma de educação.

No quinto e sexto capítulos trataremos a respeito dos requisitos pedagógicos imediatos para a contemplação.

No sétimo capítulo trataremos dos requisitos pedagógicos remotos para a contemplação.

No oitavo capítulo abordaremos os pressupostos metafísicos desta concepção de educação.

No nono capítulo passaremos aos pressupostos políticos da educação para a contemplação.

Finalmente, no décimo capítulo, a que denominaremos de Perspectiva Teológica, fugiremos à metodologia que terá sido seguida em todo este trabalho e apontaremos sumariamente que modificações trariam ao quadro precedente da educação os textos teológicos de S. Tomás de Aquino. De fato, o pensamento completo de S. Tomás de Aquino só poderia ser exposto levando-se em conta seus trabalhos considerados teológicos, não apenas naquilo que eles contém de filosófico, mas também naquilo que contém de propriamente teológico. Tal como no pensamento filosófico, o pensamento teológico de S. Tomás de Aquino contém muito do que há de melhor em todos os teólogos que o precederam; uma exposição completa do assunto, porém, ultrapassaria os objetivos do presente trabalho, de modo que nos restringiremos a apontar diretivas gerais com o fim de uma melhor compreensão dos limites do presente trabalho.

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A idéia de verdade e a educaçãoRuy Afonso da Costa Nunes. EPU, 1978 e Edições Kírion, 2019.

Sinopse: Ruy Afonso da Costa Nunes nos apresenta neste livro um estudo a respeito das concepções de verdade de vários autores da Antigüidade, da Idade Moderna e Contemporânea, guiando-nos de maneira clara e didática numa visão geral sobre o tema, enriquecida pela quantidade e pela precisão de suas pesquisas, sem poupar a crítica e a ironia para com alguns filósofos. Em seguida, correlaciona a verdade e a educação, mostrando a importância dessa idéia e suas decorrências na prática cotidiana do ensino.

“A qualidade fundamental de quem filosofa é a fidelidade ao real, sob pena do recalcitrante se tornar vítima de alucina­ções intelectuais e de veros absurdos. Por isso, quando um pensador timbra em não reafirmar uma tese porque ela já foi exposta ou defendida por outrem, arrisca-se a defender freqüentemente uma tolice monumental só pelo prazer de estar a dizer algo de novo e, portanto, de ser original. Foi só devido a essa mania de originalidade que certos autores ousaram contestar a noção clássica de verdade que na prática, na convivência com outras pessoas e nos próprios estudos pessoais, eles conti­nuam implicitamente a admitir”.

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Pequena História da Educação. Ruy de Ayres Bello. Editora do Brasil, 1945 e Edições Liceu, 2020

Sinopse: “É a educação um fato social tão antigo quanto o próprio homem, devendo ter sido praticada desde que apareceu na Terra a primeira família humana. Coincide, assim, o início da História da Educação com o da História da Humanidade. Desse modo, para remontarmos às origens históricas da atividade educativa, teremos de estudá-la a partir de sua forma mais simples, por assim dizer, embrionária, tal como teria sido praticada entre os povos primitivos.”

— A educação primitiva

“Sócrates não foi, rigorosamente, um educador. Não foi um profissional do ensino, como os sofistas, nem chegou a fundar uma escola, como fizeram, em geral, os outros filósofos gregos. Tampouco, pretendeu formular uma doutrina educativa ou um sistema pedagógico. Entretanto, se tomarmos a palavra educador no seu sentido mais amplo, para qualificar o homem que intencionalmente consagra a sua atividade ao bem espiritual de seus semelhantes, mesmo que não exerça de maneira sistemática e formal a atividade docente, ninguém mais do que o grande filósofo merece esse título, pois toda a sua vida foi consagrada a esse ideal.”

— A educação na Grécia

“A história da educação no Brasil começa com o ato de D. João III determinando a vinda dos padres jesuítas para a catequese dos primitivos habitantes do país. Os primeiros jesuítas chegaram ao Brasil com o governador Tomé de Sousa, em 1549, tendo como superior o padre Manuel da Nóbrega. Foram eles os padres Leonardo Nunes, Antônio Pires, João Aspicuelta Navarro e os noviços Vicente Rodrigues e Diogo Jácome. Em 1550 vieram os padres Afonso Brás, Francisco Pires, Salvador Rodrigues e Manuel Paiva. Com esses novos elementos, pôde o padre Nóbrega fundar a primeira escola jesuíta do Brasil, um orfanato, localizado na Bahia e que se denominou de Colégio dos Meninos de Jesus. A este se seguiu, em 1553, o Colégio dos Meninos de Jesus de São Vicente.”

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Filosofia PedagógicaRuy de Ayres Bello. Editora Globo, 1946 e Edições Liceu, 2021

Sinopse: A Ciência é um conhecimento certo pelas causas. Cognitivo certa per causa, diziam os antigos. Também a Filosofia é um conhecimento certo pelas causas, e nisto participa da mesma natureza da Ciência. Mas, enquanto a Ciência só procura atingir a causas próximas dos fatos que estuda, a Filosofia tem como objeto as causas universais, isto é, causas primeiras desses fatos. Por isso é que se define a Filosofia como "o conhecimento natural que considera as causas primeiras ou as razões mais elevadas de todas as coisas."

Vê-se, assim, que a Filosofia, tendo o mesmo objeto material da Ciência, o mundo, o homem e Deus, o considera de um ponto de vista formalmente diverso. Exemplificando: a alma humana é objeto material, tanto da Psicologia Experimental como da Psicologia Racional, que é uma parte da Filosofia. Mas, enquanto o objeto formal da Psicologia Experimental são, apenas, os fenômenos psíquicos e suas causas imediatas, a Psicologia Racional investiga as causas primeiras desses fenômenos, as suas razões mais altas, chegando, assim, à própria essência da alma. Outra exemplo: os corpos físicos são o objeto assim da Física, como da Filosofia, mas, enquanto a Física se limitará ao estudo das propriedades dos corpos e das leis que regem os fenômenos que neles se manifestam, ligando os fatos sensíveis pelas suas dependências e causalidades, a Filosofia procura descobrir, através desses fenômenos, a própria essência dos corpos, com o que atingirá a razão mais alta dos fenômenos observados. 

É que a Ciência só pode ir do visível ao visível, enquanto a Filosofia parte do visível para o invisível, pois que o seu objeto formal próprio se situa além do mundo dos fenômenos e da experiência sensível. Noutras palavras: a Ciência se limita ao domínio do que pode ser observado pelos sentidos, ao passo que a Filosofia se orienta para o conhecimento dos princípios que, por sua natureza mesma, escapam à percepção dos sentidos. 

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A Crise da Educação OcidentalChristopher Dawson. Editora É Realizações, 2020.

Sinopse: Em A Crise da Educação Ocidental, Christopher Dawson analisa os ideais pedagógicos da história do Ocidente, delineando as origens dos problemas enfrentados pelos sistemas educacionais modernos. Ele defende que o abandono do antigo ideal humanista teve como resultado a educação de caráter utilitário que temos atualmente, no qual o aluno deve aprender apenas o que é útil à sociedade e ao mercado de trabalho. Segundo Dawson, o papel da educação foi decisivo no desenvolvimento da cultura do Ocidente, quando as artes liberais, que remontam às tradições greco-latinas, tiveram grande destaque na época do surgimento da universidade. Porém, na era moderna, especialmente no Iluminismo, ocorreu o abandono completo da cultura clássica para se estabelecer o ensino técnico-científico. Para Dawson é necessário restabelecer uma visão mais abrangente da educação, retornando às raízes culturais que formaram a cultura ocidental.

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O Problema da Educação Brasileira. Cláudio Titericz. Editora ISA, 2022.

Sinopse: "Verifiquei que o ensino atual, centralizado e voltado exclusivamente para a economia, o qual muitos ainda pensam tratar-se de educação, considera os estudantes como seres humanos incompletos que têm uma finalidade muito diferente daquela dos gregos, dos cristãos ou da escola clássica. E uma pergunta me veio ao finalizar este estudo: será que temos uma saída para resgatar este ser humano e elevá-lo ao patamar que sua dignidade merece? este livro traz uma síntese de como responder esta questão, além de pretender introduzir o leitor no mundo da educação".




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O Método Educativo de Dom Bosco. Mario Casotti. Editora IVE, 2022.

Sinopse: Não estamos diante uma pedagogia otimista ingênua, mas fundada em um realismo antropológico e teológico que considera o homem em sua integralidade horizontal e vertical; horizontal porque leva em conta todos os aspectos do ser natural: sensibilidade, inteligência, vontade, afetos etc. Vertical porque esse mesmo homem também tem uma dimensão que olha para cima, para o sobrenatural: uma pedagogia que integra fé e razão unidas pelo amor.

Esperamos que este livro possa ser um fermento de renovação para a pedagogia no Brasil; uma alternativa às teorias pedagógicas materialistas e imanentistas hoje imperantes em nosso sistema educacional. Em particular, fazemos votos para que o presente livro seja útil a todos aqueles interessados em conhecer as práticas e os princípios de uma autêntica pedagogia católica.

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A Pedagogia de Santo Tomás de AquinoMario Casotti. Editora IVE, 2022.

Sinopse: O que há de mais vazio e superficial nas recentíssimas teorias pedagógicas, aquele contínuo encher a boca de palavras vãs e imprecisas, aquela conversa sem sentido de autoeducação, de liberdade, de “criação”, aquele ingênuo otimismo naturalista, que faz do aluno e da criança um semideus , encontrava já em Santo Tomás o crítico mais categórico e radical que se poderia desejar.

A pedagogia de Santo Tomás não foi estudada por nós com uma intenção arqueológica, diríamos, como para descobrir e exibir um monumento digno de um passado glorioso, mas para mostrar os numerosos e atualíssimos problemas que um pensamento eternamente jovem, próprio da juventude imortal da verdade, levanta quando é reconsiderado em relação às novas necessidades do espírito moderno.


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Desconstruindo Paulo FreireThomas Giulliano (Org.). Editora ‏História Expressa, 2020.

Sinopse: Há três anos era lançado o “Desconstruindo Paulo Freire”. Após esse tempo, considerei necessário acrescentar novos textos nessa discussão teórica em torno do pedagogo mais conhecido de nosso país. Sintetizo essa necessidade como uma inquietação intelectual de querer materializar em um livro as novas pesquisas que realizei acerca da pedagogia de Paulo Freire. Na época em que pela primeira vez me deparei com os escritos de Paulo Freire, ainda não tinha o entendimento de sua repercussão. Ao longo desses anos de estudos, entendi que muitos que o criticam estão certos, mesmo desconhecendo o porquê. Gradativamente, percebi, leitura a leitura, que Paulo Freire é a personificação de que o nosso contemporâneo vive uma realidade paralela dos sentidos. Também descobri que as análises acerca da pedagogia freireana descoladas de uma massa amestrada ocupam a condição de demanda intelectualmente reprimida. Pertence a Paulo Freire o título de mentira selecionada que entrou para os anais permanentes das verdades tupiniquins. Em nosso estado de barbárie social, passou a ser tratado como a síntese de uma pluralidade, homem que congrega um conjunto de virtudes singulares, sinônimo de objeto inimputável, intelectual travestido de paladino das massas. Apesar de Paulo Freire ser um autor entediante, ao longo dos últimos meses, entendi que seria insuficiente deixar à disposição dos leitores apenas a versão de estréia do “Desconstruindo Paulo Freire”. Esta nova edição mantém as versões de todos os seus textos inaugurais. Esse método é motivado pela crença historiográfica de que eles são evidências de um tempo com história e representação próprias. Uma vez que o passado existe enquanto realidade temporal, não me agrada mutilar qualquer fonte histórica em busca de uma pretensa evolução investigativa. Prefiro escrever um novo texto a ter que alterar o material passado, independentemente de o escrito ter mais doses de erros ou acertos, pois, pensem comigo, tanto uma retratação quanto um aperfeiçoamento geram um novo texto. Percebam que caso eu mudasse o artigo “O patrono do pau oco”, ou qualquer outro escrito, perderíamos um texto original. Teríamos novos textos, melhores ou piores, mas não seriam os mesmos. Seus períodos de composição passariam a ser suplantados em busca de melhorias que comportam alguns limites. Palavras seriam substituídas, complementos teóricos desenvolvidos. Não considero isso justo com o que realizei editorialmente. Prefiro preservar até as páginas que explicitam a minha inquietude em desconstruir o patrono da educação de meu país logo em minha estreia editorial. Com esse entendimento, os esforços para a composição dos textos originais foram preservados. Como diz o historiador francês Paul Veyne: “O cão que é atropelado neste dia não é aquele que foi atropelado na véspera”. No fim das contas, tentei aprimorar os questionamentos sobre o método de Paulo Freire e a sua forma de conscientizar o aluno. Acredito que consegui.

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O Método Pedagógico Dos Jesuítas: O Ratio StudiorumPadre Leonel Franca. Agir Editora, 1952, Edições Hugo de São Vitor, 2019 e Edições Kírion, 2019.

Sinopse: “No desenvolvimento da educação moderna o Ratio Studiorum ou Plano de Estudos da Companhia de Jesus desempenha um papel cuja importância não é permitido desconhecer ou menosprezar. Historicamente, foi por esse Código de ensino que se pautou a orga­nização e a atividade dos numerosos colégios que a Companhia de Jesus fundou e dirigiu durante cerca de dois séculos, em toda a Terra”.

Neste livro, o padre jesuíta Leonel Franca oferece-nos uma longa introdução ao Plano de Estudos da Companhia, expondo suas fontes e o processo de sua elaboração — pautado sempre na experiência concreta — e explica a sua metodologia de modo a nos revelar o valor permanente da educação jesuíta, voltada para seu elevado ideal. Apresenta-nos, em seguida, sua tradução do texto integral do Ratio Studiorum.

“Estudar um sistema pedagó­gico que tem em seu abono a prova decisiva de uma experiência mul­tissecular não é porventura empreender um trabalho com a segurança dos resultados mais positivos, com a certeza de deparar muitos destes elementos da pedagogia perene que mergulha as suas raízes nas pro­fundezas da própria natureza humana? Quantos problemas agitados pelos educadores modernos encontrariam, talvez, num princípio ou numa sugestão do Ratio, a inspiração bem-vinda de uma solução feliz?”.

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Sobre alguns autores:

Henri-Irénée Marrou (1904–1977) foi um historiador da Antigüidade de currículo extenso e riquíssimo. Sua obra, além de seus títulos principais, se compõe de inúmeros ensaios, monografias, edições críticas e importantes colaborações a outras obras e revistas, como a Esprit de Mounier. Especialista na antigüidade tardia e no cristianismo primitivo, tratou também da filosofia e da teologia da história. Em 1937 defendeu sua tese doutoral Santo Agostinho e o fim da cultura antiga. Antes de se tornar, em 1945, catedrático de história do cristianismo na Sorbonne — onde permaneceu até 1975 —, lecionou nas Universidades do Cairo, de Nancy, Montpellier e Lyon. Foi um dos primeiros colaboradores da coleção de obras patrísticas Sources Chrétiennes, além de ter editado a Patristica Sorbonensia, coleção de trabalhos acadêmicos sobre os Padres da Igreja publicada pela Seuil. Músico amador, publicou artigos de musicologia sob o pseudônimo Henri Davenson.

Ruy Afonso da Costa Nunes nasceu em Sorocaba no dia 13 de maio de 1928. Bacharel e licenciado em filosofia, Doutor em educação e Livre-docente de filosofia e ciências da educação da Faculdade de Educação da USP, foi também catedrático de filosofia do Instituto de Educação Dr. Júlio Prestes de Albuquerque, professor fundador da antiga Faculdade de Ciências e Letras de Sorocaba, atual UNISO, e membro da Academia Sorocabana de Letras. Além dos quatro volumes de sua História da Educação — na Antigüidade Cristã (1978), na Idade Média (1979), no Renascimento (1980), e no Século XVII (1981) — publicou A formação intelectual segundo Gilberto de Tournai (1970), Gênese, significado e ensino da filosofia no século XII (1974) e A idéia de verdade e a educação (1978). Faleceu aos 11 de setembro de 2006, com 78 anos de idade, deixando uma imensa e rara biblioteca de aproximadamente 30.000 volumes.

Hugo de São Vitor (1096-1141) nasceu na Saxônia, território que hoje é a Alemanha, mas à época fazia parte do então Sacro Império Romano Germânico. Quando jovem, impelido pela vocação sacerdotal e aconselhado pelo tio, que era bispo, mudou-se para Paris e ingressou no Mosteiro de São Vítor, fundado por Guilherme de Champeaux, ex-professor de Teologia da escola anexa à Catedral de Notre Dame. Posteriormente, foi professor no mesmo mosteiro, assumiu sua direção e organizou a estrutura de sua escola de Teologia. Homem de talento, brilhante inteligência, notáveis santidade e vocação para a docência, instituiu uma prática pedagógica que conduzia à contemplação através da boa leitura, do diligente estudo e da meditação, e cuja finalidade era a santintificação e a perfeita preparação para o magistério.

Sua obra é extensa e uma das mais importantes de toda a história da educação, e compõe-se de tratados como o Didascalicon, sobre a leitura (provavelmente seu primeiro escrito), o Tratado dos Três Dias, muitos opúsculos – dentre os quais o conhecido Opúsculo sobre o modo de aprender e de meditar –, comentários a livros bíblicos e a primeira Suma Teológica de toda a tradição cristã, Os Mistérios da Fé Cristã (ou, De Sacramentis Fidei Christianæ).

Pe. Leonel Edgard da Silveira Franca, S.J. (1893–1948) nasceu em São Gabriel, no Rio Grande do Sul. Fez os primeiros estudos no Colégio Anchieta, em Nova Friburgo, no Rio de Janeiro, onde viria mais tarde a lecionar. Ingressou na Companhia de Jesus em 1908, e em 1910 iniciou o curso de letras próprio da formação dos jesuítas. Foi para Roma em 1912 para cursar o triênio de filosofia, na Universidade Gregoriana, e voltou para o Rio em 1915 exercer o magistério no Colégio Santo Inácio. Como um prolongamento de suas aulas desta época, publicou seu primeiro e famoso livro Noções de história da filosofia. Tornou a Roma em 1920 para cursar os quatro anos de teologia, sendo ordenado sacerdote em 1923, mesmo ano em que publicou A Igreja, a Reforma e a Civilização. Em 1924 doutorou-se em filosofia e teologia, e no ano seguinte completou a formação jesuítica em Oya, na Espanha. Estabeleceu-se definitivamente no Rio de Janeiro em 1927, onde publicou vários de seus livros, como A crise do mundo moderno e A psicologia da fé. Em 1931 foi um dos fundadores do Conselho Nacional de Educação. Em 1939 foi encarregado de criar a primeira universidade católica do Brasil, a PUC-Rio, da qual foi o Reitor até sua morte.

Christopher Dawson. Compreendendo uma coleção de ensaios e escritos que percorrem quatro décadas de uma brilhante carreira intelectual, Dinâmicas da História do Mundo se apresenta como uma obra que engloba o melhor de um dos maiores filósofos da história do século XX, o galês Christopher Dawson.

Embora seja praticamente desconhecido do público brasileiro, esse historiador, nascido no final do século XIX, foi um dos intelectuais mais completos de sua época, pois conseguia transitar com rara facilidade e sólida competência por entre quase todos os domínios das ciências humanas, abraçando os campos da sociologia, da antropologia, da filosofia e da teologia. Reconhecido por muitos, tanto nos Estados Unidos quanto na Grã-Bretanha, como uma das maiores autoridades na área de história da cultura ocidental, durante todo o seu período de gestação e consolidação na Idade Média e no Renascimento, Christopher Dawson deixará o leitor brasileiro surpreso com a profundidade com que desenvolve suas análises históricas, as quais nos revelam os mais preciosos tesouros das culturas, das civilizações e do papel do homem em suas constituições.

O pensamento histórico desse grande intelectual, como o próprio título da obra indica, se assenta em uma concepção singularmente dinâmica dos processos históricos, os quais estão em ininterrupto diálogo com forças espirituais e materiais, as quais por sua vez, ao se encontrarem temporal e espacialmente no homem, manifestam a própria história. Escritos ao longo de décadas extremamente difíceis e turbulentas para a Europa – entre 1920 e 1950 –, os ensaios de Dawson ainda possuem uma enorme atualidade para todos aqueles que se preocupam em salvaguardar as conquistas mais valiosas de nossa civilização contra os ataques das forças totalitárias que usam a impessoalidade das massas para usurpar a liberdade do indivíduo humano. Embora tenha sido convidado pela Universidade de Edimburgo, em 1946, para proferir as prestigiadas Palestras Gifford, além de ter assumido, em 1958, uma cátedra como professor de estudos católicos romanos em Harvard, Christopher Dawson sempre viveu fora do circuito acadêmico, participando como articulista, idealizador e editor de uma série de revistas e periódicos de cultura, os quais tinham o intuito de revitalizar o vigor espiritual da civilização ocidental, afastando-a dos perigos e das seduções das ideologias totalizadoras da modernidade.

Dawson escreveu mais de vinte livros e muitas dezenas de artigos e ensaios para revistas especializadas em história, sociologia, cultura e religião. Em Dinâmicas da História do Mundo o leitor encontrará, em escritos selecionados e organicamente articulados, uma trajetória completa da obra e do pensamento de Dawson, o qual nos apresenta uma visão espiritual abrangente e profunda sobre o homem e suas realizações culturais mais significativas. O leitor brasileiro terá a oportunidade única de vislumbrar o legado absolutamente valioso que a civilização, da qual ele faz parte, nos deixou (Maurício G. Righi).

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