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As quatro causas e as cinco vias — Edward Feser

Tradução feita por Vinicius Dias
Traduzi mais um artigo de Feser. Creio que se trata de um artigo bem básico. Feser tenta mostrar algumas correlações entre as quatro causas de Aristóteles e as cinco vias de santo Tomás, o que é de um recurso pedagógico muito interessante para questões metafísicas que às vezes parecem tão complicadas.

De qualquer forma, escrevi um artigo para introduzir as quatro causas e a noção de ato e potência para quem não sabe nada do assunto, confira aqui: link

Outro comentário a se fazer antes de postar o artigo traduzido propriamente dito é dizer que o artigo de Feser, além de sua utilidade pedagógica, me fez compreender melhor a terceira via. Eu nunca havia entendido a diferença entre ela e o argumento cosmológico de Leibniz. Apesar de bem semelhantes, são argumentos distintos.

Eis a tradução de Feser feita por mim:

***

Mostrar paralelos e correlações pode ser uma coisa filosoficamente iluminadora e pedagogicamente útil. Por exemplo, os estudantes de Aristotelismo-Tomismo (A-T) estão familiarizados com a correlação de que a alma é para o corpo o que a forma é para a matéria como também o ato é para a potência. Então aqui temos uma fórmula pré-pronta de algumas correlações entre alguns conceitos metafísicos mais gerais de Santo Tomás, por um lado, e os argumentos para a existência de Deus pelo outro. É bem sabido que a segunda via de santo Tomás para a existência de Deus está relacionada com a causa eficiente enquanto a quinta via está ligada à causa final. Mas haveria mais paralelos assim para extrairmos? Será que cada uma das quatro causas de Aristóteles possuem alguma relação especial com uma das cinco vias? Talvez sim, e talvez existam outras correlações entre outras noções-chave do quadro geral do A-T para acharmos.

Considere primeiramente o mais geral dos conceitos da metafísica A-T e suas interrelações. Como eu sugeri no Scholastic Metaphysics , o edifício inteiro se baseia na distinção entre ato e potência (ou atualidade e potencialidade), que eu explicitei no capítulo 1 desse livro (após o prolegômeno do capítulo 0, que refuta o cientificismo, etc.). O capítulo 2 então mostra como, da teoria do ato e da potência, nós podemos derivar as noções de causa eficiente e causa final. A causa eficiente envolve a atualização de uma potência. A causa final entra no quadro na medida em que a potência é sempre direcionada em direção a certo resultado ou série de resultados como um fim.

O capítulo 3 continua a mostrar como forma e matéria, que são os principais componentes da substância física, também seguem da teoria de ato e potência. Matéria-prima, que é a causa material da substância física, é pura potencialidade para recepção da forma. A forma substancial, que é a causa formal da substância material, é o que atualiza a matéria-prima. O capítulo 4 mostra então como a distinção entre essência e existência, que (diferente da distinção entre forma e matéria) se aplica às substâncias imateriais tal como às substâncias físicas, o que decorre igualmente da teoria de ato e potência. A essência de uma coisa é, por si mesma, meramente potencial; existência é o que atualiza essa potencialidade da essência para que tenhamos uma substância concreta.

Então, nós temos os seis conceitos fundamentais do A-T: A distinção ato/potência; causa eficiente; causa final; causa formal; causa material; a distinção essência/existência.

Agora considere os argumentos para a existência de Deus de Santo Tomás (que eu discuto e defendo com detalhes no capítulo 3 do meu livros Aquinas). A primeira das cinco vias é o argumento que parte do movimento ou mudança até chegar ao Divino Motor Imóvel. A segunda via é o argumento que afirma que uma série de causas eficientes conduzem a uma divina Causa Incausada. A terceira via parte do fato que as coisas nascem e morrem e então argumenta que há a necessidade de um Ser Necessário. A quarta via argumenta que os graus de perfeições das coisas nos conduzem ao Ser Mais Perfeito. A quinta via argumenta que a existência da causa final nos conduz a uma Inteligência Suprema que direciona todas as coisas aos seus respectivos fins.

Santo Tomás conhecidamente também apresenta, em O ente e a essência, um argumento da existência das coisas nas quais há a distinção entre essência e existência que conduz a uma causa divina que é subsistente por si mesma. É o que é chamado algumas vezes de “prova existencial” e a sua relação com as cinco vias é incerta. No meu Aquinas sugiro que o argumento corresponde à segunda via, mas isso certamente não é óbvio, e nem todo mundo aceita essa sugestão. Como falo mais abaixo, talvez pudéssemos ler as correlações de outra maneira.

Portanto, há (possivelmente) em Santo Tomás ao menos seis diferentes argumentos para a existência de Deus: As cinco vias mais a “prova existencial”.

Talvez você veja aonde isso está nos levando. Há uma interessante correlação entre as seis noções metafísicas fundamentais do A-T, por um lado, e os seis argumentos da existência de Deus no outro? Possivelmente.

Movimento ou mudança, implica, para o A-T, a atualização da potência, então a primeira via naturalmente está correlacionada com a teoria do ato e da potência. A segunda via, como já notado, está obviamente correlacionada com a noção de causa eficiente.

E a terceira via? Bem, a via que chega ao absoluto Ser Necessário parte da coisas que são o oposto disso — isto é, das coisas que são geradas e corrompidas, que nascem e morrem. Note que (ao contrário do que as discussões modernas sobre a terceira via dão a entender) essas coisas não são exatamente as mesmas coisas que “seres contingentes” no entendimento contemporâneo desse termo. Quando os filósofos contemporâneos falam sobre uma coisa “contingente”, o que eles querem dizer é que é uma coisa que a princípio poderia não existir. Anjos estariam nesse sentido de contingência, uma vez que são substâncias imateriais e portanto incorruptíveis, eles não existiriam caso Deus não os criasse. Para Aquinas, ao contrário, anjos são necessários em vez de contingentes, precisamente porque elas são incorruptíveis no sentido de que nada na ordem natural pode destruí-los. O que os diferencia de Deus é que eles ainda precisam ser criados e sustentados na existência por Deus, então eles são necessários apenas em um sentido relativo e não de maneira absoluta. Obviamente, então — e como alguns críticos da terceira via não percebem, o que os leva a entenderem de maneira totalmente errônea o argumento — Santo Tomás não usa a palavra “necessária” no sentido em que os filósofos contemporâneos usam. E partir de coisas como anjos com certeza não é uma boa maneira de iniciar um argumento como a terceira via.

Ele parte das coisas que são materiais e, portanto, corruptíveis de uma maneira que as substâncias materiais não o são. Portanto a terceira via possivelmente se correlaciona com a noção de causa material. Ou seja, assim como a primeira via essencialmente parte da noção de ato e de potência e considera Deus como ato puro atualizador da potência, e a segunda via parte da noção de causa eficiente e considera Deus como a fonte de todo poder causal, a terceira via essencialmente parte da corruptibilidade implicada na noção de causa material e considera Deus como o ser absolutamente incorruptível e por isso necessário no sentido mais forte possível.

A quarta via é reconhecida por ser a via mais platônica das cinco vias. Santo Tomás fala como os seres que tem bondade de uma maneira limitada participam do Bem em si mesmo, o que tem ser de uma maneira limita participa daquilo que é o Ser em si mesmo, e assim por diante, nos lembra a afirmação de Platão que diz que as coisas os são conforme participam das formas. É claro, Santo Tomás era mais aristotélico do que platônico — e assim tem uma concepção de forma mais aristotélica do que platônica — e (como argumentei em Aquinas) o que está em jogo na quarta via é, especificamente, o que os medievais chamavam de transcendentais (ser, bondade, verdade, etc.), e não apenas alguma coisa antiga para qual Platão dizia haver uma forma. Ainda assim há uma especial correlação entre a quarta via e a noção de causa formal.

A quinta via, como já notado, está obviamente correlacionada com a noção de causa final. E a “prova existencial” está obviamente correlacionada com a distinção entre essência e existência. Se a prova existência realmente é (contrariamente ao que eu sugiro em Aquinas) um argumento distinto da segunda via, a base da distinção pode ser essa: Enquanto ambos os argumentos dizem respeito à explicação da existência das coisas e ambos chegam a Deus como a explicação suprema de sua existência, a maneira de abordar é diferente em cada caso. A segunda via aborda a questão pela noção de causa eficiente da existência da coisa; a prova existencial aborda a questão pela noção da composição de essência/existência da coisa.

Se tudo isso estiver correto, então a ideia é que, de cada uma dessas seis noções básicas, possamos chegar a Deus como explicação final. E as correlações seriam, de forma resumida, como se seguem abaixo:

Ato/potência >Primeira via

Causa eficiente>Segunda via

Causa material>Terceira via

Causa formal>Quarta via

Causa final>Quinta via

Essência/existência>Prova existencial

De novo, eu apresento isso apenas como uma reflexão pedagógica. Talvez mais reflexões possam completar o processo e nos dar boas séries de correlações nessa linha. Mas talvez isso nos leve a resultados diferentes, em outras correlações soltas, ou nos leve a ver que só as correlações mais óbvias (a correlação entre a segunda via e a causa eficiente e a quinta via como causa final) são realmente defensáveis.

***
Obrigado por ler o texto.

Eis o original em inglês: link

Texto retirado do link

 

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As 4 causas da Educação Clássica

Busto de Aristóteles. Cópia romana
de uma escultura de Lísipo

Pensar profundamente sobre o conhecimento é algo particular da Filosofia. Em nossos tempos de pragmatismo e de opiniões, a filosofia pode ser vista com maus olhos pela sociedade, mas é importante fazer perguntas sobre as coisas que mais intimamente afetam nossas ações. Com efeito, uma das mais importantes noções filosóficas é a noção do ser e de suas causas: Como saber que determinada coisa é, verdadeiramente, aquela coisa?

Aristóteles, em seu livro Física, declara que sabemos que uma coisa é quando conhecemos suas causas, que são quatro: Causa material, causa formal, causa eficiente e causa final:

Causa material

Neste sentido se diz que é causa aquele constitutivo interno de que algo é feito, como por exemplo o bronze a respeito da estátua ou a prata a respeito da taça, bem como o gênero dessas coisas.

Causa formal

Em outro sentido, é a forma ou o modelo, isto é, a definição da essência e seus gêneros (…) e as partes da definição.

Causa eficiente

Em outro sentido é o princípio primeiro de onde vem a mudança ou o repouso, como o que quer algo é causa, como é também o pai é causa de seu filho, e de modo geral o que faz algo é causa do que é feito, e o que faz mudar é causa do que é mudado.

Causa final

E em outro sentido, causa é o fim, isto é, aquilo para o qual é algo, por exemplo: o caminhar é a causa da saúde. Pois por que caminhamos? Ao que respondemos: para ficar saudáveis, e ao dizer isso cremos ter indicado a causa. E também qualquer coisa que, sendo movida por outra coisa, chega a ser um meio para obter um fim, como os medicamentos e os instrumentos cirúrgicos são meios para obter a saúde. Todas essas coisas são para um fim, e se diferenciam entre si em que umas são atividades e outras, instrumentos.

Aristóteles, Física, Livro II, Cap. III

Um exemplo clássico para as quatro causas é uma escultura de homem: A causa material é a argila, a causa formal é de um homem, a causa eficiente é o escultor, a causa final é a apreciação visual.

Como adeptos da herança clássica, precisamos ver as quatro causas da educação clássica para clarear o seu real significado e incluir todos os aspectos essenciais.

Causa material da Educação Clássica

Examinemos, primeiramente, a causa material, pois assumimos que é a mais evidente. Do que é feita a educação? Livros? Fatos? Conhecimento? Estudantes? Qualquer uma dessas opções terá efeitos a longo alcance. Se escolhermos livros, todo o processo se torna abstrato e impessoal. Se escolhermos fatos, estaremos simplesmente formando robôs informativos? Embora livros e conhecimento sejam cruciais, são senão meios de moldar o material. A causa material da educação clássica é a própria criança – o estudante – e qualquer resposta diferente reduz a educação a fórmulas estereotipadas ou método.

Causa eficiente da Educação Clássica

Quem ou o que está afetando a mudança no aluno? Poderíamos propor que as informações apresentadas ou os exercícios trabalhados estejam educando a criança, mas a resposta, a causa eficiente da educação, é o professor. Afirmar que o professor é a causa eficiente está de acordo com o que Santo Agostinho diz em sua obra De Catechizandis Rudibus (Sobre a instrução dos ignorantes). Todo o trabalho de Santo Agostinho gira em torno de como o professor deve tornar seu discurso interessante, e como o professor deve conhecer intimamente seus alunos para personalizar a lição para eles.

Causa formal da Educação Clássica

Para cada professor, o objetivo de educar poderia ser diferente. Alguns professores podem querer que seus alunos consigam bons empregos, ou sejam imitadores de escolásticos medievais, homens da Renascença ou oradores dos tempos romanos. Qual destas é a melhor opção? Ou existe uma forma diferente que é melhor para moldar uma criança?

Santo Agostinho via a educação clássica, liberal, como a melhor maneira de preparar alguém para abraçar a fé cristã. A causa formal, então, é o ideal que o professor tem em mente sobre o que ele quer que o aluno se torne. Então podemos dizer que a forma que um professor deve moldar o estudante é a de uma pessoa instruída – uma pessoa qualificada nas artes liberais e mergulhada nos Grandes Livros, que é solo fértil para o Evangelho.

Causa final da Educação Clássica

Finalmente, a causa final: para que fim uma educação clássica é orientada? Por que deveríamos tentar moldar uma criança em uma pessoa educada de forma clássica, liberal? Pela mesma razão pela qual fomos criados: Ser à imagem e semelhança de Deus, Aquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida. O paralelo à bondade, verdade e beleza é inconfundível. Que melhor maneira de nos colocar em correspondência com a nossa natureza do que poder reconhecer a verdade (sabedoria)? Que melhor maneira do que andar fielmente no Caminho (virtude)?

Para uma vida bela e plena, sabedoria e virtude são os dois componentes essenciais. Ao dizer que a causa final da educação clássica é sabedoria e virtude, o que estamos realmente afirmando é que queremos que a criança viva plenamente de acordo com a forma como foi criada: à imagem e semelhança de Deus. Reconhecemos que Deus é quem produz o objetivo final (Ele é o principal promotor do professor e trabalha diretamente na criança) e fazemos tudo o que podemos para “preparar o solo”.

Com base em tudo isso, conseguimos chegar a uma definição: A Educação Clássica é a formação da criança pelo professor em alguém habilidoso nas artes liberais e mergulhado nos Grandes Livros a fim de cultivar a sabedoria e a virtude. Examinemos, parte a parte, esta definição.

A Educação Clássica é a formação da criança pelo professor

Existe uma relação de orientador-orientado na educação que é essencial. Negar esta ordem, afirmando igualdade ou que as crianças aprendem com seus colegas é quebrar a corrente da tradição da qual o papel do professor é um elo essencial e indispensável – até quando a educação é feita de maneira autodidata, todo o processo de aprendizado é uma grande “conversa” entre o aluno e o professor, entre o leitor e autor, entre aquele que ensina e aquele que aprende.

em alguém habilidoso nas artes liberais

As artes liberais são habilidades específicas de domínio. Não se aprende gramática no vácuo; aprende-se gramática no contexto de uma língua (preferencialmente latina). Não se aprende habilidades de pensamento crítico fora do contexto; aprende-se as regras da lógica no contexto do argumento real. Não se aprende oratória através da abstração; aprende-se os meios de persuasão e como aplicá-los em um discurso ou artigo real. Não se aprende funções matemáticas sem números; aprende-se a teoria e a aplicação de números discretos e contínuos. Gramática, lógica, retórica, aritmética, geometria, música e astronomia, entendidas no sentido medieval, são a condição sine qua non da educação.

mergulhado nos Grandes Livros

A civilização, desde milhares de anos, foi inspirada por grandes ideais. Esses ideais são transmitidos nos melhores livros, histórias, diálogos, peças teatrais, discursos e ensaios da humanidade. Ser ignorante dessas obras é ignorar esses ideais. E como é que a criança vive numa sociedade que estima esses ideais se ele não os conhece? Destes livros, sem dúvida, o maior são os Santos Evangelhos e as Sagradas Escrituras.

a fim de cultivar a sabedoria e a virtude

Deve-se poder olhar para qualquer pessoa com formação clássica e dizer: “Eis uma pessoa cheia de bom caráter que sabe distinguir o certo do errado, o bem do mal e a verdade da falsidade". Ser virtuoso é ser de bom caráter. Ser sábio é ser capaz de fazer distinções (no jargão moderno, “pensar criticamente”). Todas as escolas clássicas devem ter a aquisição de sabedoria e virtude como seu objetivo.

A Educação Clássica é a formação da criança pelo professor em alguém habilidoso nas artes liberais e mergulhado nos Grandes Livros a fim de cultivar a sabedoria e a virtude. Esta é a nossa definição essencial de educação clássica, obtida por meios clássicos.

Tradução do artigo The Four Causes of Classical Education de Paul Schaeffer, por um Congregado Mariano

Retirado do site: Link

Original em inglês: Link


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Filosofia Tomista da Matemática - por Deividi Pansera

Santo Tomás de Aquino
1476, Carlo Crivelli
 The National Gallery, London

Os escolásticos costumavam diferenciar entre dois tipos de entes. "Entia realia", entes reais, e "entia rationis", entes da razão. Os tomistas, em geral, concordam que os entes da matemática não são puramente entes da razão, puramente mentais, mas abstrações da forma do acidente da quantidade. E, mais ainda, concordam que existe um caráter de realidade e irrealidade neles.

João de São Tomás disse que os entes matemáticos "não são puramente entes da razão nem puramente entes reais, mas compartilham atributos dos dois". 

Afinal, os entes da matemática, possuem um fundamento na realidade ou existe uma "realidade matemática"?

Sto. Tomás, nos comentários às sentenças de Pedro Lombardo, parece resolver essas questões. Lá, ao tecer alguns comentários sobre os atributos divinos, ele faz uma distinção da relação dos conceitos com a realidade.

Primeiro, existem alguns conceitos que possuem uma conexão imediata com a realidade extramental, como o conceito de "homem", "cachorro" etc. Segundo, alguns conceitos podem não possuir uma semelhança com alguma realidade extramental, mas a mente só pode concebê-los como uma consequência da estrutura do modo de conhecer aquilo que é extramental. Ou seja, eles possuem apenas um fundamento remoto na realidade e sua base imediata é uma atividade da própria mente. Por exemplo, o gênero, como animal. Nada extramental corresponde a esse conceito, mas pelo fato de existirem várias espécies de animais, a mente atribui a animal a noção de gênero. E em terceiro, existem os conceitos que não possuem conexão remota e nem imediata com a realidade (Quimera).

Uma filosofia tomista da matemática poderia assumir que os entes da matemática, concebidos por meio da "astractio mathematicorum", são entes que a mente não descobre na realidade extramental, mas os concebe como consequência de conhecer a realidade. Isto é, são os segundos tipos de conceitos. Existe um fundamento na realidade, mas a formação do conceito vem da mente.

Nessa filosofia tomista da matemática, diversas perguntas surgem. Entre elas, existe algum sentido em que os entes da matemática são verdadeiros? Todos os entes da matemática moderna caem nessa categoria?

por Deividi Pansera

Fonte: https://www.instagram.com/p/CIVzmFWpzhq/?img_index=1


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