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Sobre as origens da Matemática Clássica

 

Retrato de Luca Pacioli - 1495
por Jacopo de Barbari

Tempo de leitura: 1h 20 min.

Texto retirado da Introdução da tese de doutorado A "De Divina Proportione" de Luca Pacioli - Tradução anotada e comentada, feita por Fábio Maia Bertato, 2008.

Luca Pacioli e a "Querela da Perspectiva": As Classificações das Matemáticas da Antigüidade Clássica ao fim do Quattrocento [16]. 

Muitas foram as classificações das ciências ao longo da história. Até hoje, discute-se um critério de demarcação que permita discernir o que deve e o que não deve chamar-se ciência e como distingui-la quanto a sua natureza.

No mundo medieval, os ramos do conhecimento que formavam a base da educação do indivíduo consistiam das chamadas Artes Liberales. Estas serviam para a formação do homem livre (lat. liber), em contraste com as Artes Liberales, cultivadas com fins econômicos.

As artes liberais podem ser divididas em dois grupos: o Trivium (ou Artes Sermocinales ou triviales) e o Quadrivium (ou Artes Reales ou Physicae, ou ainda quadriviales). O Trivium, que significa “cruzamento de três caminhos”, era constituído pela Gramática, Retórica e Dialética (ou Lógica), artes consideradas mais elementares. As disciplinas matemáticas Aritmética, Geometria, Astronomia e Música compunham o Quadrivium, que por sua vez significa “cruzamento de quatro caminhos”. As artes do Quadrivium eram consideradas intermediárias, sendo o objetivo final a aquisição de uma forma de conhecimento superior, através da Filosofia e da Teologia. São bem conhecidos os versos mnemônicos de circulação medieval, que resumem as funções das Artes Liberais:

Gram loquitur, Dia verba docet, Rhet verba colorat,
Mus canit, Ar numerat, Geo ponderat, Ast colit astra
(LEWIS,1994, p. 186). [17]

Naturalmente, qualquer classificação dos ramos do saber, a despeito de sua grande influência, não poderia ser unanimemente aceita. Frà Luca Pacioli (1445 – 1517?), no epicentro do advento da Perspectiva Linear, defendia a inclusão desta nas artes do Quadrivium:

Porém, nosso juízo, ainda que baixo e incapaz, reduzem-nas a três ou cinco, isto é, Aritmética, Geometria e Astronomia, excluindo-se destas a Música, por tantas razões quanto as que eles dão para excluírem das cinco a Perspectiva, ou agregando esta às quatro, por tantas razões quanto são as que agregam às nossas três a Música. [...] Estimo que tantos sábios não devam estar errados, porém, apesar de seus dizeres, minha ignorância não cede” (PACIOLI, 1498, f.VIIIIv – Xr) [18].

Em uma curiosa mescla de teimosia intelectual e humildade franciscana, as palavras de Pacioli nos introduzem em uma disputa acerca do status da Perspectiva e da Pintura em fins do Quattrocento, da qual participou também seu amigo Leonardo Da Vinci (1452 - 1519). Dentre várias considerações a serem realizadas no estudo do Renascimento, não é de se desprezar dois marcos, a saber, o retorno à Antigüidade e o desenvolvimento da Perspectiva como interpretação da realidade.

O objetivo deste capítulo é apresentar a discussão de Luca Pacioli sobre a relevância da Perspectiva como disciplina matemática. Iniciamos com uma breve história do Quadrivium, sua origem, seu desenvolvimento e seu estabelecimento.


1 - Antigüidade Clássica

Denominamos por Antigüidade Clássica a civilização grego-romana existente entre os séculos VI a.C. e V d.C. Poderíamos dizer, em linhas gerais, que o mundo grego desenvolveu um modelo de cultura e de reflexão intelectual que foi absorvido pelos romanos e que, consequentemente, muito influiu em caracterizações gerais da civilização ocidental.

O classicista alemão Werner Jaeger chega a afirmar que “por muito elevadas que julguemos as realizações artísticas, religiosas e políticas dos povos anteriores, a história daquilo que podemos com plena consciência chamar de cultura só com os Gregos começa” [19]. (JAEGER, s/d , p.4). Bertrand Russel, afirma “Philosophy and science as we know them are Greek inventions. The rise of Greek civilization which produced this outburst of intellectual activity is one of the most spectacular events in history. Nothing like it has ever occurred before or since” (RUSSELL, 2003, p. 20). Não discutiremos tais asserções, mas elas evidenciam a importância dada aos desenvolvimentos obtidos pelos gregos, por considerável número de autores.

A seguir, faremos um breve estudo sobre alguns termos empregados pelos gregos para designar os tipos de conhecimento relacionados com sua matemática.

1.1 - Τέχνη καὶ ἐριστήμη (Téchne e Epistéme)

Costuma-se traduzir a palavra grega τέχνη (téchne) por “arte”, mas, dentre suas outras acepções, poderíamos destacar “arte manual”, “indústria”, “ofício”, “conhecimento teórico” e “método”. Téchne denotava uma habilidade manual ou uma habilidade do espírito, um ramo do conhecimento, uma ciência prática. Ἐπίστήμη (Epistéme), por sua vez, também poderia ser traduzida por “arte” ou ainda por “habilidade”, “conhecimento”, “saber” ou “ciência”. Se téchne é a ciência prática, epistéme é a ciência teórica, o conhecimento verdadeiro, em oposição à opinião (δόξα) irrefletida (cf. PLATÃO, Republica V, 477b). Como é bem sabido, é difícil dar uma definição precisa desses termos, pois, a semântica depende do período estudado, do autor considerado e da evolução de seu pensamento. Entre epistéme e téchne existe uma relação íntima e também um contraste fundamental, ora são utilizados sem distinção, ora com sentido diverso (cf. PARRY, 2003).

Aristóteles faz uma clara distinção entre as epistémai e as téchnai em sua Ética a Nicômaco, ainda que tal distinção não seja sempre observada na totalidade de sua obra. Juntamente com a φρόνησις (phrónesis, prudência), a σοφία (sophia, sabedoria) e a νοῦς (noûs, razão pura), outras atividades derivadas da racionalidade da alma constituem as chamadas virtudes intelectuais. As téchnai estão mais próximas da experiência, não focalizam o conhecimento em si, são atividades sobre o que é não-necessário. Ocupam-se da reprodução de conhecimentos verificáveis empiricamente, sem a busca por explicações, isto é, as téchnai estão voltadas para a produção (ποίησις, poiésis), não sendo em si e por si um fim. As epistémai voltam-se para o conhecimento do universal, do necessário, do absoluto, buscam a causa para melhor compreender e operam com a demonstração.

Em geral, considera-se que, para os gregos, havia certa identificação entre ciência e filosofia. Portanto, ao tratarmos da divisão das ciências, na cultura helênica, tratamos também da divisão da filosofia.

1.2 - Μαθηματική (Mathematiké) e as origens do Quadrivium

A palavra grega μαθήματα (mathémata), que costuma ser traduzida por “matemática”, é o plural de μάθημα (máthema), que poderia ser traduzida por “estudo”, “ciência” ou “conhecimento”. Essas palavras estão relacionadas com o verbo μανθάνω (mantháno, “aprender”, “estudar”, “instruir-se”) e com μαθηματικός (mathematikós, “que se dá ao estudo”). Em Platão, o termo máthema é empregado em um sentido muito mais amplo, para qualquer objeto de estudo ou instrução. Segundo Sir Thomas Heath, “the words μαθήματα and μαθηματικός do not appear to have been definitely appropriated to the special meaning of mathematics and mathematicians or things mathematical until Aristotle’s time” (HEATH, 1981, p.10).

Em um fragmento atribuído a Arquitas de Tarento (c. 428 - c. 347 a.C.), filósofo-rei amigo de Platão, encontra-se o emprego do termo mathémata no sentido de ciências matemáticas (cf. verbete μάθημα em LIDDELL, 1940):

Let us now cite the words of Archytas the Pythagorean, whose writings are said to be mainly authentic. In his book On Mathematics right at the beginning of the argument he writes thus:

The mathematicians seem to me to have arrived at true knowledge, and it is not surprising that they rightly conceive the nature of each individual thing; for, having reached true knowledge about the nature of the universe as a whole, they were bound to see in its true light the nature of the parts as well. Thus they have handed down to us clear knowledge about the speed of the stars, and their risings and settings, and about geometry, arithmetic and sphaeric, and, not least, about music; for these studies [μαθήματα] appear to be sisters” (THOMAS, 1991, p. 5) [20].

Neste trecho do chamado Fragmento 1 (Frag. 1), Arquitas lista quatro ciências (mathémata), a saber, geometria, aritmética, astronomia (esférica) e música, configurando, dessa maneira, o mais antigo testemunho da existência de um quadrivium pitagórico [21]. Como veremos, o programa de formação do filósofo apresentado na República de Platão, reflete a classificação das mathémata apresentada por Arquitas. É de se notar que, nessa obra, Sócrates fale sobre a Astronomia e a Harmonia como irmãs, em explícita referência aos Pitagóricos (PLATÃO, Republica, VII, 530d). Paul Shorey considera que o Frag. 1 é uma cópia desse trecho da República (PLATÃO, 1969).

Santo Anatólio de Alexandria (séc. III d. C.), afirma que os Pitagóricos foram os primeiros a empregar o termo μαθηματική (mathematiké, feminino de mathematikós), exclusivamente para a geometria e a aritmética [22]:

“Why is mathematics [μαθηματική] so named?
“The Peripatetics say that rhetoric and poetry and the whole of popular music can be understood without any course of instruction, but no one can acquire knowledge of the subjects called by the name of mathematics unless he has first gone through a course of instruction in them; and for this reason the study of these subjects was called mathematics. The Pythagoreans are said to have given the special name mathematics [μαθηματική] only to geometry and arithmetic; previously each had been called by its separate name, and there was no name common to both” (THOMAS, 1991, p. 3).

Parece razoável que o uso de mathematiké, para designar as ciências matemáticas, seja devido à escola de Pitágoras, já que como nos relatam Porfírio (c. 234 – c. 305 d.C.) e Jâmblico (c. 245 - c. 325 d.C.), seus discípulos eram divididos em dois grupos: os μαθηματικοί (mathematikoí), que aprendiam uma versão mais elaborada da doutrina, e os ἀκουσματικοί (akousmatikoí, derivado de ἀκούω “ouvir”), que eram discípulos exotéricos, que somente podiam ouvir os ensinamentos de Pitágoras, sem vê-lo (cf. PORFÍRIO, 1816, p. 68; JÂMBLICO, 1989, p. 35; MCKIRAHAN, 1994, p. 89 - 91).

Outro testemunho, um pouco mais tardio, desta classificação pitagórica, bem como a existência de outras classificações das matemáticas, podem ser encontrados na obra de Proclus (412 – 485 d.C.). Citemos um trecho de seu Comentário ao Livro 1 dos Elementos de Euclides:

The Pythagoreans considered all mathematical sciences to be divided into four parts: one half they marked off as concerned with quantity (ποσόν), the other half with magnitude (πηλίκον); and each of these they posited as twofold. A quantity can be considered in regard to its character by itself or in its relation to another quantity, magnitudes as either stationary or in motion. Arithmetic, then, studies quantity as such, music the relations between quantities, geometry magnitude at rest, spherics magnitude inherently moving” (PROCLUS, 1992, p. 29 F 30).
But others, like Geminus, think that mathematics should be divided differently [...]” (PROCLUS, 1992, p. 31).

De acordo com Proclus, o estóico Geminus (c. 10 a.C. – c. 60 d.C.) considera, em sua divisão das matemáticas, por um lado, as ciências concernentes com as coisas inteligíveis, Aritmética e Geometria e, por outro, as concernentes com as coisas sensíveis, Mecânica, Astronomia, Ótica, Geodésia, Canônica e Logística (cf. TANNERY, 1887, p. 38 - 52). Anatólio faz a mesma classificação (cf. THOMAS, 1991, p. 19 e TANNERY, 1887 p. 42 - 43).

1.3 - Platão

Platão, em sua obra Político, divide a ciência (epistéme) em πρακτική (praktiké), que é a prática ou ciência da ação, como a arquitetura, e γνωστική (gnostiké), que é a ciência do conhecer ou teórica, como a aritmética [23]. Poderíamos considerar essa a sua divisão da ciência. Todavia, como observam alguns autores, Platão não apresenta em seus escritos uma divisão da Filosofia de forma explícita e, a partir de testemunhos mais antigos, seu sistema pode ser dividido em três partes: Dialética, a ciência da Idéia em si; Física, o conhecimento da Idéia como incorporada no mundo dos fenômenos, e a Ética, ou ciência da Idéia incorporada na conduta humana e na sociedade humana (TURNER, 1911; PECK, 1898; SCHWGLER, 1856, p.82-83). Para Platão, as matemáticas compunham a propedêutica à Filosofia.

Ninguém desprovido de geometria pode entrar” [24]. Diz-se que esta célebre sentença estava escrita no pórtico de entrada da Academia de Platão. Tal exigência serve para ilustrar a bem conhecida importância dada por Platão às matemáticas, em particular à Geometria, visto que “Deus sempre geometriza” [25]. Verifica-se no curriculum de formação dos filósofos-governantes (Guardiões), proposto por Platão no Livro VII da República, o papel fundamental das matemáticas. O objetivo de seu programa era o preparo do espírito para o cultivo da Dialética, cujo fim é o conhecimento do Bem (cf. 533b-e). Os futuros governantes deveriam ter um conhecimento exato das matemáticas, que muito acima de sua utilidade, na guerra por exemplo, facilitariam a passagem da alma da mutabilidade à verdade e à essência (cf. 525c), reavivando um órgão, cuja salvação importa mais do que mil órgãos da visão (cf. 527e).

Eis a seqüência de estudos (mathemáta) aos quais os Guardiões, entre vinte e trinta anos de idade, deveriam se dedicar após dois anos de formação em Música e Ginástica (II, 376e): Aritmética (522c) [26], Geometria (526c), Estereometria (528a), Astronomia (528e) e Harmonia [27] (530d). Temos aqui os mesmos componentes (téchnai) do ulteriormente chamado Quadrivium, com um acréscimo, a Estereometria. Se considerarmos que a geometria dos sólidos já havia sido estudada pelos pitagóricos, por Demócrito (c. 460 a.C. – c. 370 a.C.) e outros, a distinção entre a Geometria e a Estereometria torna-se apenas uma formalidade, para evidenciar os poucos avanços realizados, na época, nesta “nova ciência” (cf. HEATH, 1981, p. 12). Com efeito, podemos averiguar a incorporação da Estereometria à Geometria, realizada por Platão em sua obra Leis (VII, 817e):

Then there are, of course, still three subjects [τρία μαθήματα] for the freeborn to study. Calculations and the theory of numbers form one subject; the measurement of length and surface and depth make a second; and the third is true relation of the movement of the stars one to another” (THOMAS, 1991, p. 21).

Além de corroborar com a veracidade da conclusão sobre a Geometria como ciência do plano e dos sólidos, este trecho é mais um exemplo que pode reforçar o emprego da palavra mathémata no sentido tratado na seção 1.2. Segundo Heath, a preeminência dada às matemáticas, no esquema educacional platônico, pode ter encorajado o hábito de tratá-las por mathémata (HEATH, 1981, p. 10). Nota-se também a particularidade de tais assuntos serem explicitamente classificados como objetos de estudo de homens livres, concordando com a concepção de artes liberais já mencionada.

Segundo Jaeger, foram os sofistas que incluíram as mathémata, identificadas com o Quadrivium, na mais alta cultura grega (JAEGER, s/d, p. 341). É difícil saber de que forma Platão as recebeu, o que sabemos realmente é que, outros já as expuseram como fundamentais na educação [28]. Protágoras, no diálogo de Platão que recebe seu nome, expõe a educação proposta por outros sofistas, contra a sua baseada na arte da política, para formar bons cidadãos:

“For Hippocrates, if he comes to me, will not be treated as he would have been if he had joined the classes of an ordinary sophist. The generality of them maltreat the young; for when they have escaped from the arts [τήχναι] they bring them back against their will and force them into arts [τήχναι], teaching them calculation [λογισμός], astronomy and geometry and music” (PLATÃO, Protagoras, 318d-e).

O classicista escocês James Adam considera este trecho como um registro do uso do termo “arte” (téchne) aplicado por excelência ao Quadrivium, no tempo de Platão. Segundo ele, as artes propedêuticas de Platão, apresentadas na República, são essencialmente as mesmas do Quadrivium medieval (ADAM, 1901, p. 220).

1.4 - Aristóteles

Todos os homens desejam por natureza o saber” [29]. É com essa sentença que Aristóteles inicia a sua Metafísica. Segundo o Estagirita, pela admiração teve início o filosofar [30] e, por esse desejo natural de saber, juntamente com o ócio de homens livres, os sacerdotes egípcios se admiraram com certos fenômenos celestes e da sua busca por explicações nasceram as artes (téchnai) matemáticas [31]. É sobre sua autoridade (não exclusivamente) que aqueles que o chamam de o Filósofo se baseiam ao iniciar uma obra, durante o Medievo e Renascimento [32].

A divisão do saber ou classificação das atividades intelectuais de Aristóteles é constituída por três grupos [33]:

  • Poiéticas ou produtivas (ποιητικαί, poietikai), que estudam as obras da inteligência produzidas com materiais preexistentes (objetos e obras de arte): poética, retórica e lógica;
  • Práticas (πρακτικαί, praktikai), que investigam a ação do homem em suas diversas formas: ética, política e economia;
  • Ciências teóricas ou especulativas (θεωρετικαί, theoretikai), as mais elevadas, se ocupam dos princípios da existência e à especulação: matemática, física e ciência primeira (metafísica ou teologia) [34].

Aristóteles estabelece uma hierarquia entre as ciências em que as especulativas têm primazia [35] e, como podemos ver, em sua classificação, a matemática é uma ciência especulativa [36].

1.5 Artes Liberais

O grande apreço dos gregos pelas atividades puramente intelectuais, conduziu-os a um certo desprezo pelas atividades manuais. Esse contraste resultou em uma classificação do saber amplamente aceita na Antigüidade, naquelas que os romanos denominaram “artes liberales” e “artes vulgares” [37]. Como observa Władysław Tatarkiewicz, a distinção entre elas apareceu muito cedo, tornando impossível determinar seu autor (TATARKIEWICZ, 1963 – p. 233). Podemos considerar que havia uma equivalência de acepções entre os termos epistéme e téchne dos gregos e a scientia (“ciência”) e ars (“arte”) dos latinos, respectivamente (cf. LEWIS & SHORT, 1879; KRISTELLER, 1951, 498).

Galeno (c. 129 – c. 216), em sua obra Protrepticus, considera a Medicina, a Retórica, a Música, a Geometria, a Aritmética, a Filosofia, a Astronomia, a Literatura e a Jurisprudência como “artes veneráveis”, em contraposição com as “artes desprezíveis”, dependentes de trabalho manual. Galeno afirma, hesitante, que a pintura e a escultura também poderiam ser consideradas como pertencentes a primeiro grupo (GALENO, 1930, Protrepticus, 14).

O registro mais antigo do emprego de “artes liberales” pode ser encontrado na obra de Cícero (106 a.C. – 43 a.C.), particularmente em De Oratore, onde contrasta as artes que são dignas do homem livre (“artes quae sunt libero dignae”) com as artes servis (“artes serviles”) (CÍCERO, 1830, p. 35, De Oratore, III, 16). Como liberais, Cícero enumera a Geometria, a Literatura, a Poesia, a Ciência Natural, a Ética e a Política, todavia, não fornece uma lista completa.

Às artes liberales e vulgares, Sêneca (4 a.C. - 65 d.C), baseado em Posidonius (c. 135 a.C. - 51 a.C.), acrescenta as “artes pueriles”, destinadas a instrução, e as “artes ludicrae”, destinadas à diversão (SÊNECA, 1842, p. 438, Epistolae Morales, XIII, 3). Sêneca ainda inclui entre as Artes Liberais a Medicina e nega o mesmo status à Pintura e à Escultura:

I will not be induced to admit that painters or sculptors practise a liberal art, or the other ministers of luxury” (SÊNECA, 1842, p. 436, Epistolae Morales, XIII, 3) [38].

É de se notar que os romanos não tinham a mesma admiração pelas matemáticas que os gregos, pois aqueles estavam mais interessados no cultivo da “Humanitas”, em especial, da Gramática e da Retórica. Outro fato a se observar é que no latim tardio, mathematicus era empregado em um sentido vulgar, significava adivinho, astrólogo, mago (cf. STO AGOSTINHO, De Genesi ad Litteram, II, xvii, 37).

A organização definitiva das Artes Liberais nasce da obra do enciclopedista pagão Marciano Capella (séc. V), ainda que classificações semelhantes das artes tenham sido realizadas antes. Nos dois primeiros livros de sua obra De Nuptiis Philologiae et Mercurii et de septem Artibus liberalibus libri novem, Capella apresenta alegoricamente as sete Artes Liberais como virgens à noiva Filologia e, nos sete livros seguintes, trata particularmente de cada uma delas.


2. Idade Média e os "Sete Pilares da Sabedoiria" [39]

Como herdeiros das teorias elaboradas pelos antigos, podemos dizer que, com relação à divisão do saber, os autores medievais seguiam duas grandes tradições: a que denominamos platônica divide a Filosofia em Física, Ética e Lógica, e a que denominamos aristotélica divide a Filosofia em Teórica, Prática e Poiética.

Na De institutione arithmetica de Boécio (c. 480 – c. 524) encontramos o primeiro registro do uso do termo “Quadrivium”, distinguindo a Aritmética, a Geometria, a Música e a Astronomia, como indispensáveis para a aquisição do saber (“sapere”), que é ao mesmo tempo um conhecimento intelectual e prático:

Se o investigador carece dessas quatro partes, não poderá encontrar o que é verdadeiro, e sem essa especulação da verdade nada pode ser retamente sabido [...] Este, pois é o Quadrivium” (BOÉCIO, 1867, p.9, De institutione arithmetica, I, 1) [40].

Foi Cassiodoro (c. 485 – c. 585), discípulo e amigo de Boécio, quem incorporou as Artes Liberais nos estudos dos monges, nas obras Institutiones divinarum et saecularum litterarum e De artibus ac disciplinis liberalium litterarum. Santo Isidoro de Sevilha (560 - 636) definiu-as, em suas Etymologiae [41], da seguinte maneira:

Sete disciplinas compõem as Artes Liberais. A primeira é a Gramática, o conhecimento da língua. A segunda é a Retórica, que pelo brilho e abundância de sua eloqüência é considerada necessária sobretudo nas questões civis. A terceira é a Dialética, conhecida também como Lógica, que separa nas disputas mais sutis o verdadeiro do falso. A quarta é a Aritmética, que contém as relações dos números e sua divisão. A quinta é a Música, que consiste na arte do poema e do canto. A sexta é a Geometria, que compreende as medidas e dimensões da terra. A sétima é a Astronomia, que contém as leis dos astros” (ISIDORO, Etymologiae, I, 2) [42].

Isidoro afirma que, segundo alguns autores, pode ser considerado ars aquilo que consiste das regras e dos preceitos de uma arte [43] e disciplina uma ciência completa [44]. Também atribui a Platão e Aristóteles a seguinte distinção: tem-se ars quando se trata de algo verossímil ou opinável e disciplina, quando algo é discutido com argumentações verdadeiras sobre coisas que não podem se comportar de outra maneira. Tais definições são encontradas nas obras de Cassiodoro, com referências a outros autores como Santo Agostinho e Capella (cf. CASSIODORO, Institutiones, II, 2, 17; II, 3, 20).

Hugo de São Vítor (1096 - 1141) também retoma tais definições em sua obra intitulada Didascalicon (cf. HUGO DE SÃO VÍTOR, Didascalicon, II, 1). Sua inovação reside no fato de acrescentar à Filosofia algumas artes vulgares, por ele denominadas Mecânicas (mechanicae). Eis sua divisão da Filosofia e suas subdivisões [45]:

  • Teórica (Theorica): Teologia, Matemática e Física;
  • Prática (Practica): Solitária (Ética), Privada (Econômica) e Pública (Política);
  • Mecânica (Mechanica): Lanificium (Manufatura de lã), Armatura (Fabricação de armas), Navegação, Agricultura, Caça, Medicina e Theatrica (Ciência do Teatro);
  • Lógica (Logica): Gramática e Ratione disserendi (Teoria da Argumentação).

O que Hugo denomina Matemática é exatamente o Quadrivium e as artes do Trivium estão nas subdivisões da Lógica. Afirma que as Artes Liberais são como instrumentos ótimos pelos quais ao espírito é preparada a via para o pleno conhecimento da verdade filosófica e que, em tempos antigos, ninguém seria digno de se chamar Mestre se não conseguisse mostrar o conhecimento dessas sete ciências [46].

Não discutiremos aqui, mas merecem atenção o desenvolvimento curricular das escolas medievais, das universidades nascentes e o contributo feito pelos árabes para o estabelecimento ou novas interpretações do Quadrivium.

Influenciados pela interpretação árabe da classificação aristotélica do conhecimento, a partir do século XII, alguns autores europeus, começaram a aceitar as artes mecânicas como aplicações das teóricas (cf. WHITNEY, 1990, p. 131).


3. Perspectivas

Estabeleceu-se uma tradição historiográfica de que a “Perspectiva Linear” foi desenvolvida em Florença no início do Quattrocento por Filippo Brunelleschi (1377 - 1446) [47]. A partir do fim dos anos 50, do século passado, os historiadores da arte propõem novas hipóteses sobre a existência de uma perspectiva antiga assentada sobre princípios redescobertos no Renascimento. Destas, destacamos a chamada “Hipótese de Oxford” (L’Hypothèse d’Oxford) de Dominique Raynaud, que defende que a invenção da perspectiva ocorreu no século XIII, fundamentada pelos filósofos de Oxford, como Roger Bacon (1214 - 1292) e John Peckham (m. 1292) (RAYNAUD, 1998).

É possível distinguir, em textos medievais e renascentistas, diversas concepções da Perspectiva: a perspectiva naturalis, como “Ciência da Visão” (Ótica), a perspectiva artificialis ou prospectiva pingendi, como “Técnica de Representação”, a perspectiva pratica, como “Técnica de medição” e a perspectiva aedificandi, voltada para as aplicações arquitetônicas (CAMEROTA, 2006, p. 8). Da mesma maneira que os demais termos já analisados, podemos encontrar em um mesmo autor acepções distintas para a Perspectiva.

Desenvolveu-se, em Florença, uma transformação da concepção de arte. Os principais envolvidos são Filippo Brunelleschi, Donatello (1386 - 1466) e Masaccio (1401 - 1428) e Leon Battista Alberti (1404 -1472). Alberti escreveu tratados de Pintura, Arquitetura e Escultura e foi o responsável pela teorização da Perspectiva, particularmente através de sua obra De Pictura. Nessas obras enuncia princípios e descreve os processos dos projetos para as obras de arte.

Segundo Giulio Carlo Argan, o pensamento dos Humanistas modificou profundamente as concepções do espaço e do tempo:

A forma ou a representação segundo a razão do espaço é a Perspectiva; a forma ou a representação segundo a razão da sucessão dos eventos é a História. Uma vez que essa ordem não está nas coisas, mas é imposta às coisas pela razão humana que as pensa, não há diferença entre a construção e a representação do espaço e do tempo. A Perspectiva dá o verdadeiro espaço, isto é, uma realidade da qual é eliminado tudo o que é casual, irrelevante ou contraditório; a História dá o verdadeiro tempo, isto é, uma sucessão de fatos da qual é eliminado o que é ocasional, insignificante, irracional” (ARGAN, 2003, p. 131-132).

O sistema perspéctico do Quattrocento é a redução à unidade de todos os modos de visão possíveis: o ponto de localização ideal é o frontal, isto é, aquele que põe como contrapostos, mas paralelos, o sujeito e o objeto. Considerando que a Perspectiva construía racionalmente a representação da realidade natural, podemos afirmar que inaugurava, além de uma nova fase artística, uma fase em que a realidade tornava-se compreendida em termos matemáticos.

Na classificação humanista das disciplinas, a Perspectiva, como ciência da visão, ainda era uma disciplina filosófica subalterna às artes do Quadrivium. Na universidade européia do século XV, a Perspectiva era geralmente classificada como um caso de Geometria Prática.

A posição subalterna da Perspectiva começou a ser reconsiderada a partir do século XII. Domingo Gundisalvo (c. 1100 - 1181), em sua obra De Divisione Philosophiae (c. 1150), considera a Filosofia dividida em scientiae e a Filosofia Prática além da Ética, Política e Economia, da tradição aristotélica, inclui as disciplinas práticas que estão relacionadas com a Matemática. Nesta, inclui também a Perspectiva (WHITNEY, 1990, p. 133).

Domenico da Chivasso (c. 1350) também propõe sua inclusão entre as artes do Quadrivium [48]. Outros que defendiam esta posição foram Michele Savonarola (c. 1385 - 1468), Marsilio Ficino (1433 - 1499), Girolamo Savonarola (1455 - 1498), Luca Pacioli e Leonardo Da Vinci (1452 - 1519). Denominaremos o debate sobre a inclusão da Perspectiva nas Artes do Quadrivium de “Querela da Perspectiva”.


4. Matemática e Perspectiva segundo Luca Pacioli 

Em sua obra De Divina Proportione, publicada em 1509, Pacioli explica que o vocábulo μαθηματικός, deriva do grego e que, em seu idioma, equivale a “disciplinável” (“discipinabile”). Considera que as ciências e disciplinas matemáticas (“scientie e discipline”) são, para seu propósito, Aritmética, Geometria, Astrologia (ou Astronomia), Música, Perspectiva, Arquitetura, Cosmografia e qualquer outra dependente destas (PACIOLI, 1498, De Divina Proportione, III, f. 9r-v). Como podemos ver, esta lista é muito mais ampla que o Quadrivium, considerando também as disciplinas subalternas. Para ele, as ciências matemáticas são o fundamento e escada para se chegar ao conhecimento de qualquer outra ciência, pois, estão no primeiro grau de certeza [49]. Sem seu conhecimento, é impossível entender bem qualquer outra ciência, pois, tudo o que está distribuído no universo inferior e superior, reduz-se necessariamente ao número, peso e medida.

Tanto no Capítulo II da De Divina Proportione quanto na Epístola a Guidobaldo da Montefeltro (Alo Illumo. Principe Gui.Baldo. Duca de Urbino. Epistola), que faz parte da Summa, Pacioli afirma que as disciplinas matemáticas são aplicadas nas seguintes áreas: 1) Astrologia; 2) Arquitetura; 3) Perspectiva; 4) Escultura; 5) Música; 6) Cosmografia; 7) Comércio; 8) Arte Militar; 9) Gramática; 10) Retórica; 11) Poesia; 12) Dialética; 13) Filosofia; 14) Medicina; 15) Direito Civil e Canônico e 16) Teologia (cf. PACIOLI, 1494, f. 2r; PACIOLI, 1498, f. 4r-9r) [50]. Torna-se clara a preocupação com a aplicabilidade da Matemática e a superioridade desta com relação às demais, pois, segundo ele, somente as ciências e disciplinas matemáticas podem ser chamadas certezas (De Divina Proportione, I, f. 3v), sendo as demais apenas opiniões.

Pacioli divide as ciências e disciplinas matemáticas em Prática e Especulativa. A Álgebra, denominada por ele Pratica Speculativa, é um caso de Prática de Aritmética e de Geometria. A Arte Maior é a Álgebra e a Arte Menor é a Pratica Negotiaria (Prática Comercial) [51].

Em sua obra Summa, na Distinctio Octava dedicada a questões de Geometria, Pacioli trata de uma questão pertinente à Perspectiva, onde afirma que esta é uma disciplina subalterna a Geometria e a Aritmética:

Saiba que esta questão é de Perspectiva, mas como esta ciência é subalterna à Geometria e Aritmética, a resolveremos” (PACIOLI, 1494, Summa, Distinctio octava, Cap. II, f. 65r) [52].

É na De Divina Proportione que Luca Pacioli apresenta explicitamente suas concepções místicas acerca da Razão Áurea ou “Divina Proporção”. Também é nessa obra que introduz sua posição acerca da “Querela da Perspectiva”.

4.1 O Quadrivium e a "Querela da Perspectiva"

Como já dissemos, Pacioli defende a elevação da Perspectiva ao mesmo status das artes do Quadrivium. Dentre os argumentos que apresenta em defesa da Perspectiva, podemos destacar a exaltação da visão:

E dentre nossos sentidos, os sábios concluem que a visão é a mais nobre. Daí, que vulgarmente se diga, não sem fundamento, que o olho é a primeira porta pela qual o intelecto entende e gosta” (PACIOLI, De Divina Proportione, f. 4r) [53].

Pacioli chama a visão de “primeira porta pela qual o intelecto entende e gosta” [54]. Semelhante argumentação é apresentada por Leonardo Da Vinci, em seu “Paragone” [55], onde afirma que o olho, “que se diz janela da alma”, é a principal via por onde se pode considerar as infinitas obras da natureza [56]. Para Pacioli e Leonardo, a visão é o princípio do conhecimento, pois “nada há no intelecto que não passe primeiro pelos sentidos”, e o primeiro dos sentidos é a visão. Para Leonardo, é o olho que abraça toda a beleza do mundo, o olho é o “Príncipe das matemáticas”. Para ambos, não havia sentido em considerar a Música como disciplina matemática e ignorar a Perspectiva.

O Capítulo I da De Divina Proportione apresenta ao leitor uma descrição do ambiente da corte de Milão, na época de Ludovico Sforza [57]. Neste Capítulo, Pacioli relembra o “scientifico duello”, um debate ocorrido em 9 de fevereiro de 1498, com a participação de ilustres indivíduos do período, dentre os quais, destaca-se Leonardo Da Vinci. Pacioli lhe dedica grandes elogios e afirma que este já havia concluído “o digno livro de Pintura e dos movimentos humanos” [58].

É importante observar que o “scientifico duello” de Pacioli e o “Paragone” de Leonardo parecem se complementar. Nota-se diversas similaridades e podemos supor que a corte de Milão tenha sido palco de uma série de debates sobre qual das ciências ou artes seria a mais importante. Infelizmente, apesar da razoável riqueza de detalhes dos capítulos iniciais de De Divina Proportione, desconhecemos a existência de algum texto onde Pacioli apresente argumentações mais amplas e elaboradas sobre a “Querela da Perspectiva”, como as realizadas por Leonardo acerca da “Disputa das Artes”.

Monica Azzolini, em dois recentes trabalhos (AZZOLINI 2004 e 2005), faz uma interessante análise da dinâmica do patronato científico no Renascimento e das mudanças sociais e econômicas dos envolvidos, a partir do “scientifico duello” e do “Paragone”. Segundo ela, “by participating in the duel, Leonardo and Pacioli challenged the traditional hierarchy of disciplines and, at the same time, the social, economical and intellectual status that indissolubly came with it” (AZZOLINI, 2004, p. 128). Apesar da grande relevância de sua abordagem, tais discussões fogem do escopo deste texto, por isso recomendamos fortemente a leitura de seus artigos para uma maior compreensão da “Querela da Perspectiva”.

Que não me leia quem não for matemático” [59]. Tal asserção, semelhante a inscrição do pórtico da Academia de Platão, evidencia o papel da Matemática na obra de Leonardo Da Vinci. Para ele, “nenhuma investigação humana pode chamar8se verdadeira ciência se não passa através de demonstrações matemáticas” [60]. Para Leonardo, a Pintura é verdadeira “scientia” e, fundamenta-se sobre bases matemáticas.

Podemos perceber uma mudança no pensamento de Leonardo acerca da Perspectiva. Ora a Perspectiva é “filha da Pintura”, ora é sua “rédea e leme”. Em outro lugar afirma que “a Pintura é baseada na Perspectiva, que nada mais é que um conhecimento minucioso do olho” [61].

Apesar de inúmeros autores, debates e posicionamentos ao longo da História, acerca da classificação das matemáticas e da ciência, o Quadrivium em suas diversas acepções e interpretações, exerce um papel fundamental nesta discussão e no pensamento contemporâneo.

Procuramos evidenciar a origem pitagórica do Quadrivium, sua assimilação no pensamento platônico e neoplatônico, para contextualizar a discussão que se fortalece no Renascimento, especialmente nas obras de Luca Pacioli e Leonardo Da Vinci.

Acreditamos que a teorização da Perspectiva teve amplas repercussões no pensamento científico, permitindo o desenvolvimento da Geometria Projetiva e apresentando uma nova concepção de espaço, necessária para o desenvolvimento da ciência moderna.

A posição de Pacioli, Leonardo da Vinci e outros, acerca da Matemática e da Perspectiva pode ser considerada precursora da concepção sumarizada por Galileu: “La matematica è l'alfabeto nel quale Dio ha scritto l'universo”.

* * *


Notas:

[16] O texto que apresentamos a seguir corresponde, com algumas alterações, a BERTATO & D’OTTAVIANO 2007.

[17] “A Gramática fala, a Dialética ensina as palavras, a Retórica colore as palavras, a Música canta, a Aritmética conta, a Geometria pesa, a Astronomia se ocupa dos astros.

[18] “Ma el nostro iudicio benche imbecille et basso sia o tre o cinque ne constringe. cioe Arithmetica. Geometria. e astronomia excludendo la musica da dicte per tante ragioni quante loro dale .5. La prospectiua e per tante ragione quella agiognendo ale dicte quatro per quante quelli ale dicte nostre .3. la musica. [...] pur existimo tanti saui non errare. E per lor dicti la mia ignoranza non si suelle.”

[19] “So hoch wir auch die künstlerische, religiöse und politische Bedeutung der früheren Völker schätzen mögen, beginnt doch die Geschichte dessen, was wir als Kultur in unserem bewussten Sinne bezeichnen können, nicht eher als bei den Griechen.” (JAEGER, 1973, p. 3).

[20] Citado por Porfírio em seu comentário sobre a Harmonica de Ptolomeu (MULLACH, 1860, p. 564). Acerca da autenticidade e formas variantes do Frag. 1, v. HUFFMAN, 1985 e para maiores detalhes sobre Arquitas e seus escritos v. HUFFMAN, 2004.

[21] Identifica-se a esférica com a astronomia (cf. HEATH, 1981, p. 11 e HUFFMAN, 2004, p. 243).

[22] Santo Anatólio foi bispo de Laodicéia, na Síria, por volta de 283 d.C. É citado por Eusébio de Cesaréia: “Eusebius, who had come from the city of Alexandria, ruled the parishes of Laodicea after Socrates. [...] Anatolius was appointed his successor; one good man, as they say, following another. He also was an Alexandrian by birth. In learning and skill in Greek philosophy, such as arithmetic and geometry, astronomy, and dialectics in general, as well as in the theory of physics, he stood first among the ablest men of our time, and he was also at the head in rhetorical science. It is reported that for this reason he was requested by the citizens of Alexandria to establish there a school of Aristotelian philosophy” (EUSÉBIO, 1890, p. 318, Hist. Eccl., VII, 32). A citação apresentada encontra-se nas Definitiones de Heron de Alexandria (c. 10 – c. 75 d. C.), que viveu dois séculos antes de Anatólio! Para maiores detalhes v. TANNERY, 1887 p. 177.

[23]“ταύτῃ τοίνυν συμπάσας ἐπιστήμας διαίρει, τὴν μὲν πρακτικὴν προσειπών, τὴν δὲ μόνον γνωστικήν” [“In this way, then, divide all science in two parts, calling the one practical, and the other purely intellectual”] (Politicus, 258e).

[24] Segundo o escritor bizantino Johannes Tzetzes (c. 1110 – c.1180), “Πρὸ τῶν προθύρων τῶν αύτοῦ γράψας ύπῆρχε Πλάτων· ‘Μηδεὶ ἀγεωμέτρητος εὶσίτω μου τὴν στέγην’ ” [“Over his front doors Plato wrote: ‘Let no one unversed in geometry come under my roof’”] (THOMAS, 1991, p. 386 - 387). Frequentemente citada em uma versão mais resumida: “ἀγεωμέτρητος μηδεις εὶσίτω”.

[25] “ἀεὶ Θεὸς γεωμετρεί” (cf. THOMAS, 1991, p. 387; PLUTARCO, Convivalium Disputationem, VIII, 2).

[26] Λογιστική (“arte do cálculo”) καὶ ἀριθμετική (“teoria dos números”). Cf. HEATH, 1981, p. 13.

[27] Platão emprega o termo ἀρμονία (harmonia) em contraste com μουσική (mousiké) como música popular dos mestres de lira (cf. THOMAS, 1991, p. 7).

[28] Cf. Hippias Major, 285b; Theaetetus, 145a-d. Sobre o contato de Platão com os pitagóricos v. CÍCERO,1877, p. 25, Tusculanae Disputationes, I, 17.

[29] “Πάντες ἄνθρωποι τοῦ εἰδέναι ὀρέγονται φύσει” (Metaphysica, I, 1, 980a, 1). Para a tradução do grego dos trechos citados, nos baseamos nas traduções que constam da Bibliografia e utilizamos PERSCHBACHER, 1996 e os excelentes recursos do Word Study Tool do The Perseus Digital Library (http://www.perseus.tufts.edu/).

[30] “διὰ γὰρ τὸ θαυμάζειν οἱ ἄνθρωποι καὶ νῦν καὶ τὸ πρῶτον ἤρξαντο φιλοσοφεῖν” [“Foi pela admiração que os homens, assim hoje como no início, começaram a filosofar”] (Metaphysica I, 2, 982b, 12).

[31] “διὸ περὶ Αἴγυπτον αἱ μαθηματικαὶ πρῶτον τέχναι συνέστησαν, ἐκεῖ γὰρ ἀφείθη σχολάζειν τὸ τῶν ἱερέων ἔθνος” [“Assim, em diversas partes do Egito, se originaram pela primeira vez as artes matemáticas, porque aí se consentiu que a casta sacerdotal vivesse no ócio”] (Metaphysica, I, 1, 981b, 23-24).

[32] O título de “o Filósofo” era atribuído ao Estagirita por autores, como Tomás de Aquino (cf. Summa Theologiae, I q. 1, a. 1, a. 3, a. 4 etc). Com muita freqüência, encontram-se no início das obras de autores medievais e renascentistas citações de Aristóteles (cf. "Il Convivo" de Dante). Tal uso corrente de citações, particularmente em obras fabulosas e profanas, mereceu menção de Miguel de Cervantes, no Prólogo de seu livro Don Quijote de la Mancha: “ (...) tan llenos de sentencias de Aristóteles, de Platón y de toda la caterva de filósofos, que admiran a los leyentes y tienen a sus autores por hombres leídos, eruditos y elocuentes?”. Dos matemáticos renascentistas citamos dois italianos e um português. Assim inicia Luca Pacioli o Capítulo II de sua De Divina Proportione: “Propter admirari ceperunt philosophari. Vole Exº D. la proposta auctorita del Maestro de color che sanno che dal uedere hauesse initio el sapere...” (PACIOLI, 1498, f. IIIIr). Niccolò Tartaglia, em sua tradução dos Elementos, escreve: "Tvtti gli huomini, Magnifici e Preclarissimi Auditori, (come scriue Aristotele nel primo della Methaphisica) naturalmente desiderano di sapere" (TARTAGLIA, 1565, f. 3r, sob o título Lettione de Nicolo Tartalea Brisciano, sopra tvtta la opera di Evclide Megarense, acvtissimo mathematico). O português Gaspar Nicolas escreve em seu Tratado de Pratica Darysmetica: "Todos hos homeēs naturalmente ylustre senhor desejam saber: segūdo aristotiles no prymeyro da metafisyca [e]t como quer que as artes liberaes ha arismetyca seja fundamento de todas..." (NICOLAS, 1519, Prologo). Até o início do século XII, o pensamento de Aristóteles era conhecido basicamente através das obras (traduções, comentários, etc.) de Boécio (480 - 524). Outros de seus tradutores que merecem destaque são Guillermo de Moerberke (1215 - 1286) e Cardeal Giovanni Bessarione (1402 - 1472).

[33] “ὥστε εἰ πᾶσα διάνοια ἢ πρακτικὴ ἢ ποιητικὴ ἢ θεωρητική” [“Portanto se toda atividade intelectual é ou prática ou produtiva ou especulativa...] (Metaphysica VI, 1, 1025b, 26). Curiosamente, Diógenes Laércio (c. 200 – c. 250) atribui essa divisão a Platão (cf. DIÓGENES LAÉRCIO, 1862, p. 87). Talvez esta tenha sido adotada na Academia no tempo de Diógenes.

[34] “ὥστε τρεῖς ἂν εἶεν φιλοσοφίαι θεωρητικαί, μαθηματική, φυσικέ, θεολογικέ” [“Deve haver então três filosofias especulativas, matemática, física e teologia”] (Metaphysica, VI, 1, 1026a, 18-19). Ptolomeu, no início de seu Almagesto, confirma que a autoria desta subdivisão das filosofias teóricas é de Aristóteles.

[35] “θεωρητικαὶ τῶν ἄλλων ἐπιστημῶν αἱρετώταται” [“As especulativas são preferíveis a todas as demais ciências”] (Metaphysica, VI, 1, 1026a, 23). Dentre as ciências especulativas a teologia é a primaz.

[36] “ἀλλ᾿ ἔστι καὶ ἡ μαθηματικὴ θεωρητική” [“mas a matemática também é especulativa”] (Metaphysica, VI, 1, 1026a, 9).

[37] Também chamadas de βαναυσικαὶ, “illiberales” ou “sordidae”. Podemos considerar que ao homem livre, cultivador das artes liberais, atribui-se o “otium” (ócio, em grego, σχολή).

[38] “[...] non enim adducor ut in numerum liberalium artium pictores recipiam, non magis quam statuarios aut marmorarios aut ceteros luxuriae ministros”.

[39] Interessante relação pode ser feita entre as Sete Artes Liberais e os significados dos números 3, 4 e 7, para os cristãos, particularmente com a seguinte sentença de Provérbios X, 1: “Sapientia aedificavit sibi domum excidit columnas septem”.

[40] “Quibus quattuor partibus si careat inquisitor, verum invenire non possit, ac sine hac quidem speculatione veritatis nulli recte sapiendum est [...] Hoc igitur illud quadrivium est”.

[41] Para um estudo sobre a História da Matemática contida nas Etymologiae v. NOBRE, 2005.

[42] “Disciplinae liberalium artium septem sunt. Prima grammatica, id est loquendi peritia. Secunda rhetorica, quae propter nitorem et copiam eloquentiae suae maxime in civibibus quaestionibus necessaria existimatur. Tertia dialectica cognomento logica, quae disputationibus subtilissimis vera secernit a falsis. Quarta arithmetica, quae continet numerorum causas et divisiones. Quinta musica, quae in carminibus cantibusque consistit. Sexta geometrica, quae mensuras terrae dimensionesque conplectitur. Septima astronomia, quae continet legem astrorum”.

[43] “Ars vero dicta est, quod artis praeceptis regulisque consistat” (ISIDORO, Etymologiae I, 1, 2).

[44] “quia discitur plena” (ISIDORO, Etymologiae I, 1, 1).

[45] “Philosophia divitur in theoricam, practicam, mechanicam, logicam”. (Didascalicon, II, 1).

[46] “Suntenim quase optima quaedam instrumenta et rudimenta quibus via paratur animo ad plenam philosophicae veritatis notitiam [...] Nemo tunc temporis nomine magistri dignus videbatur, qui non harum septem scientiam profiteri posset” (Didascalion, III, 3).

[47] Tal tradição tem suas raízes nas biografias de Brunelleschi escrita por Antonio di Tuccio Manetti (1423 F 1497) e por Giorgio Vasari (1511 - 1574) e confirmada por Erwin Panofsky em seu célebre ensaio “Die Perspektive als ‘symbolische Form'” (1924).

[48] “Est sciendum quaod quinque su[n]t scientiae mathematicae, scilicet arismetrica, geometria, musica, astrologia et perspectiva” (Quaestiones super perspectivam, q. I, f. 44r -v).

[49] “Concio sia che ditte mathematici sieno fondamento e scala de peruenire ala notitia de ciascuna altra scientia: per esser loro nel primo grado dela certezza affermandolo el philosopho cosi dicendo mathematice enim scientie sunt in primo gradu certitudinis & naturales sequuntur eas. Sonno como e dicto le scientie e mathematici discipline nel primo grado dela certezza e loro sequitano tutte le naturali: e senza lor notitia fia impossibile alchunaltra bene intendere” (Divina Proportione, II, f. 5r). V. Nota 44 da tradução.

[50] A mesma estrutura de argumentação é encontrada nos discursos de Niccolò Tartaglia (Lettione de Nicolo Tartalea Brisciano, sopra tutta la opera di Evclide Megarense, acvtissimo mathematico) que se encontram no início de sua tradução dos Elementos, além de referências ao frade.

[51] “Non mi pare ormai piu douer diferire la p[ar]te maxime necessaria ala pratica de arithmetica e anche de geometria detta dal vulgo cõmunemente. Arte magiore ouer. La regola de la cosa ouer. Algebra. E almucabala secõdo noi detta pratica speculativa. Per che in lei piu alte cose che in larte minore ouer pratica negotiaria si cõtiene” (PACIOLI, Summa, f. 111v).

[52] “Sapi che questa domanda è de perspectiva, ma perché questa scientia è subaltternata a geometria e aritmetrica si la solveremo”.

[53] “E deli nostri sensi per li sauii el uedere piu nobile se conclude. Onde non immeritamente anchor de uulgari fia detto lochio esser la prima porta per la qual lo intellecto intende e gusta”.

[54] V. Nota 37 da tradução.

[55] Denomina-se Paragone a seqüência de disputas polêmicas entre a Pintura e algumas das demais artes que se encontra nas edições do Trattato della Pittura de Leonardo.

[56] “L'occhio, che si dice finestra del'anima e la principal via donde il comune senso po piú coppiosa e magnificamente considerare le infinite opere de natura e l'orecchio è il secondo il quale si fa nobbile per le cose raconte le quali ha veduto l'occhio. Se uoi istoriograffi, ò poeti ò, altri matematici, non havestiue con l'occhio visto le cose male le potresti uoi rifferire per le scritture (...)” (LEONARDO DA VINCI, Trattato della Pittura, 15, Codex Urbinas Latinus 1270, f. 8r).

[57] Trata-se da carta-dedicatória ao duque intitulada “Excellentissimo Principi Ludovico Mariae Sforciae Anglo Mediolanensium Duci, Pacis et Belli Ornamento, Fratris Lucae Pacioli ex Burgo Sancti Sepulchri Ordinis Minorum, Sacrae Theologiae Professoris, De Divina Proportione Epistola”.

[58] V. Nota 20 da tradução.

[59] “Nõ mi leggha chi non è matematicho nelli mia prîcipi” (LEONARDO DA VINCI, 1883, p. 11, W. 19118v).

[60] “Nissuna humana inuestigatione si po dimandare uera scientia se essa nõ passa per le matematiche dimostrationi” (LEONARDO DA VINCI, Trattato della Pittura, I, Codex Urbinas Latinus 1270, f. 1v).

[61] “La pittura è fondata sulla prospettiva: non è altro che sapere bene figurare lo vfitio dell'ochio” (LEONARDO DA VINCI, 1883, v.I, p. 29, A. 3r).


Bibliografia da Dissertação

1. Obras de Luca Pacioli

PACIOLI, Luca.  Su[m]ma de Arithmetica Gemetria Proportioni [e]t Proportionalità. Venezia: Paganinus de Paganini, 1494.

PACIOLI, Luca. De Viribus Quantitatis. Códice no. 250. Biblioteca Universitaria di Bologna. (Escrito possivelmente entre os anos de 1496 e 1508. Visualização disponível em http://www.uriland.it/matematica/DeViribus/Presentazione.html).

PACIOLI, Luca. De Divina Proportione. Venetiis: Paganinus de Paganini, 1509.

PACIOLI, Luca (ed.). Euclidis megarensis philosophi acutissimi mathematicorumque omnium sine controversia principis opera Campano interprete fidissimo tralata... Venetiis: Paganinus de Paganini, 1509b. (Rara tradução latina dos Elementos de Euclides).

PACIOLI, Luca. De Divina Proportione. Milano: Silvana Editoriale, 1986. (Fac-símile do manuscrito de 1498 conservado na Biblioteca Ambrosiana de Milão, com introd. de Augusto Marinoni. Reimpressão da edição de 1982).

2. Fontes

2.1 Pacioli

ALOE, Armando; VALLE, Francisco. Frá Luca Pacioli e seu Tratado de Escrituração de Contas. São Paulo: Editora Atlas, 1966.

BALDI, Bernardino. Le Vite de' Matematici. Edizione annotata e commentata della parte medievale e rinascimentale. Milão: FrancoAngeli, 2007.

CIOCCI, Argante. Luca Pacioli e la matematizzazione del sapere nel Rinascimento. Bari: Cacucci Editore, 2003.

MACKINNON, Nick. The portrait of Fra Luca Pacioli. Mathematical Gazette. Vol. 77, no. 479, p. 130-219, 1993.

MORISON, Stanley. Pacioli's Classic Roman Alphabet. New York: Dover Publications, 1994. (Reimpressão de Fra Luca Pacioli of Borgo S. Sepolcro. New York: Grolier Club, 1933. Foram publicadas somente 397 cópias dessa edição original).

PACIOLI, Luca; WINTERBERG, Constantin (Ed.): Fra Luca Pacioli, Divina Proportione: Die Lehre vom Goldenen Schnitt, nach der Venezianischen Ausgabe vom Jahre 1509 herausgegeben und übersetzt. Wien: Carl Graeser, 1889. (Transcrição do original com tradução para o alemão).

PACIOLI, Luca. La Divina Proporción. Trad. Ricardo Resta. Buenos Aires: Editorial Losada, 1942. (Tradução argentina a partir do exemplar de 1509 da Biblioteca do Dr. Teodoro Becu, com Prólogo de Aldo Mieli).

PACIOLI, Luca. La Divina Proporción. Trad. Juan Calatrava. Madrid: AKAL, 1991. (Tradução espanhola a partir do exemplar manuscrito existente na Biblioteca Ambrosiana de Milão).

SÁ, Antônio Lopes de. Luca Pacioli: um Mestre do Renascimento. Brasília: Fundação Brasileira de Contabilidade, 2004.

SÁ, Antônio Lopes de. Luca Pacioli, Ícone na História da Contabilidade. Revista de Controle e Administração, Rio de Janeiro, Vol. 1, n. 1, p. 54 - 68, jun. 2005.

TAYLOR, Robert Emmett. No Royal Road: Luca Pacioli and his times. New York: Arno Press, 1980. (Reimpressão de Chapel Hill: The University of North Carolina Press, 1942).

TONIATO, Silvia. La Summa de Arithmetica, Geometria, Proportioni et Proportionalità di Luca Pacioli. 2002. VIIIp., 379p. Tesi di Laurea (Laurea in Lettere). Facoltà di Lettere e Filosofia, Università degli Studi di Torino. Torino, 2002. (Edição e comentário da primeira parte da Summa.)

2.2 Outras Fontes (Outros autores)

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ALBERTI, Leon Battista. De pictura praestantissima, et nunquam satis laudata arte libri tres absolutissimi... Basileae: [Bartholomaeus Westheimer], 1540.

ALBERTI, Leon Battista. Grammatica della lingua toscana. In: ALBERTI, Leon Battista; GRAYSON, Cecil (ed.). Opere Volgari. Bari: Laterza, 1973. v. 3.

ALBERTI, Leon Battista. Da Pintura. Trad. Antonio de Silveira Mendonça. Campinas: Editora da Unicamp, 1999. (Tradução do texto "vulgar" da De Pictura, Bari: Laterza, 1980).

ARISTÓTELES. Aristotelis opera cum Averrois commentariis. Frankfurt am Main: Minerva G.m.b.H., 1962. v. VIII: Metaphysicorum Libri XIIII. (Reprodução da edição de Venitiis: Junctas, 1562).

ARISTÓTELES; YEBRA, Valentín García (ed.). Metafísica. Madrid: Editorial Gredos, 1970. v.1. (Edição Trilingüe: grego, latim, espanhol).

ARISTÓTELES; BARNES; Jonathan (ed.). The Complete works of Aristotle: The revised Oxford translation. New Jersey: Princeton University Press, 1995. 2.v.

BARTOLO DA SASSOFERRATO. La Tiberiade di Bartole da Sassoferrato del modo di dividere l'Alluuioni, l'Isole & gl'Aluei. Roma: per gl'heredi di Giouanni Gigliotto, 1587. (Edição com anotações de Claudio Tebalducci da Montalboddo).

BOÉCIO, Anicius Manlius Severinus. Anicii Manlii Torquati Severini Boetii De institutione arithmetica libri duo. Lipsiae: Teubner, 1867.

CASSIODORO. The letters of Cassiodorus: being a condensed translation of the Variae epistolae of Magnus Aurelius Cassiodorus,... Introduced by Thomas Hodgkin. London: H. Frowde, 1886.

CÍCERO, Marcus Tullius; HENRICHSEN, Rudolph Johannes Frederik (Ed.). M. Tullii Ciceronis De oratore libri tres. Sumptibus Librariae Gyldendalianae, 1830.

CÍCERO, Marcus Tullius. Cicero's Tusculan Disputations. Trans. C. D. Yonge. New York: Harper & Brothers Publishers, 1877.

DUHEM, Pierre Maurice Marie. Etudes sur Léonard de Vinci: Ceux qu'il a lus et ceux qui l'ont lu. Paris: Gordon and Breach, 1984. (Reimpressão de Paris: Hermann, 1913).

EUCLIDES DE ALEXANDRIA, Elementa geometriae. Trad. Johannes Campanus. Venetijs. Erhard Ratdolt, 1482. (Primeira edição impressa dos Elementos de Euclides. Tradução para o latim a partir do texto árabe).

EUCLIDES DE ALEXANDRIA. Evclidis Megarensis mathematici clarissimi Elementorum geometricorum libri XV. Basileae: Joanne Hervagium, 1558.

EUCLIDES DE ALEXANDRIA. Euclide megarense acutissimo philosopho, solo introduttore delle scientie mathematice. Diligentemente rassettato, et alla integrita ridotto, per il degno professore di tal scientie Nicolo Tartalea brisciano. Secondo le due tradottioni. Con vna ampla espositione dello istesso tradottore di nuouo aggiunta. Venetia: Appresso Curtio Troiano, 1565. (Tradução comentada de Niccolò Tartaglia)

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Educação = Escola?

4 min de leitura

Texto retirado de MARROU, Henri-Irénée. História da Educação na Antigüidade. 4ª Impressão, São Paulo, Editora Pedagógica Universitária Ltda. e Editora da Universidade de São Paulo, 1973. (Esta obra foi reeditada pelas Edições Kírion, Campinas em 2017).

ESCOLA E EDUCAÇÃO

Não deixa de ser verdade que, em comparação com nossas idéias modernas, o ensino do mestre de primeiras letras não é verdadeiramente apreciado. Salientarei o fato, que interessa à exata apreciação da vida e da política escolar antigas: a escola não desempenha ainda na educação o papel preponderante que assumirá a partir da Idade Média no Ocidente.

O mestre de primeiras letras é encarregado de um setor especializado da instrução, provê tecnicamente a inteligência da criança, mas não é ele quem educa. O essencial da educação é a formação moral, a do caráter, do estilo de vida. O “mestre” está encarregado apenas de ensinar a ler, o que é muito menos importante.

A associação, que nos parece hoje natural, da instrução primária e da formação moral é, entre nós, uma herança da Idade Média, ou melhor: da escola monástica, onde a um mesmo personagem coube promover a síntese de dois papéis bem distintos: o de instrutor e o de pai espiritual. Na Antiguidade, o mestre de primeiras letras é alguém muito apagado para que a família pense em confiar-lhe, como o faz tão freqüentemente hoje, a responsabilidade da educação.

Se alguém, que não os pais, recebe esta missão, é decerto o pedagogo: um simples escravo, sem dúvida, mas que pelo menos pertence à casa e que, através do contato quotidiano, pelo exemplo se possível, em todo caso através dos preceitos e de uma vigilância atenta, contribui para a educação, e sobretudo para a educação moral, incomparavelmente superior às aulas puramente técnicas do “gramatista”.

Mede-se sem esforço toda a importância desta constatação: ela estabelece grande diferença entre os problemas modernos e seus equivalentes antigos; para nós o problema central da educação é o da escola. Nada de análogo entre os antigos. Atente-se num dos inumeráveis tratados que a época helenística e romana consagrou “à educação das crianças”, o que nos foi transmitido sob o nome de Plutarco (14): fica-se admirado do pouco caso que aí se faz das questões propriamente escolares: elogio da cultura geral secundária como preparação à filosofia [43], elogio dos livros, “instrumentos da educação [44]”, alusões ao ginásio [45] ou ao valor da memória [46]: tudo o mais, ressalvada uma exposição em que o autor não pôde abster-se de comunicar-nos suas teorias literárias [47], está consagrado apenas à definição da atmosfera moral da educação: esta se interessa menos pela instrução propriamente dita que pela formação do caráter, e para isso, não é com a escola que se conta; reencontraremos estes fatos a propósito do problema da educação religiosa, tal como será proposto pelo cristianismo.


Notas:

[43] PLUTARCO, Sobre a Educação das Crianças, 7 CD. 

[44] Idem, 8 B.

[45] Idem, 11 CD. 

[46] Idem, 9 DE.

[47] Idem, 6 C-7 C.


Nota Complementar

(14) Sobre o De liberis educandis de Plutarco, cf. F. GLAESER, De Pseudo-Plutarchi livro περ παίδων ἀγωγῆς, Dissertationes philologicae Vindobonenses, XII (Viena, Leipzig, 1918), 1. O caráter apócrifo deste tratado, que ninguém contesta mais desde WYTTENBACH (1820), não me parece tão bem demonstrado.

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Uma Enciclopédia Matemática esquecida na História

Página de um manuscrito representando as
alegorias da aritmética e da geometria (manuscrito)

Tempo de leitura: 1h 10 min

Abaixo segue trechos de um artigo de Sérgio Nobre Isidoro de Sevilla e História da Matemática presente em sua enciclopédia Etimologías publicado na Revista Brasileira de História da Matemática - Vol. 5 nº 9 (abril/2005 -setembro/2005 ) - pág. 37-58. (RBHM, Vol. 5, no 9, p. 37-58, 2005).


ISIDORO DE SEVILLA E A HISTÓRIA DA MATEMÁTICA PRESENTE EM SUA ENCICLOPÉDIA ETIMOLOGIAS (SÉC. 7) [*] por Sergio Nobre, Unesp – Rio Claro - Brasil


Palavras iniciais

A história da divulgação das descobertas científicas é um grande e importante capítulo do contexto historiográfico científico. Antes do surgimento das grandes revistas científicas, o cientista, de posse de resultados novos e originais, tinha uma certa dificuldade em divulgar suas descobertas. O cuidado para que resultados científicos originais não caíssem em mãos inadequadas chegava a ser de tal forma meticuloso que exigia muita criatividade por parte de seus autores. Leonardo da Vinci (1452-1519), por exemplo, escreveu a maioria de seus textos científicos de forma que pudessem ser lidos somente através de um espelho, e espelho naquela época era artigo raro. O envio de correspondências comunicando os resultados descobertos foi um importante meio de divulgação científica e foi muito usado. De posse de um novo resultado, o cientista enviava correspondências para diferentes colegas, como forma de que estes soubessem da nova descoberta. O envio simultâneo de correspondências para diferentes pessoas servia também para garantir que, individualmente, nenhuma delas pudesse alegar ser o detentor das idéias contidas na carta recebida. Em alguns casos, a mensagem contida nessas correspondências era feita através de códigos, que somente o remetente tinha a chave de como decifrar. Um exemplo clássico foram as correspondências enviadas por Isaac Newton a Leibniz, onde, através de anagramas, Newton comunicou a Leibniz suas descobertas relativas ao Cálculo Diferencial e Integral [1].

A partir de meados do século XVII, com o surgimento das academias científicas e de revistas científicas, a divulgação científica ganhou novas proporções. O cientista passou a ter as sessões das academias como fórum de divulgação de suas descobertas e as revistas científicas como instrumento de difusão destas. As principais revistas surgidas foram: Journal des Sçavans, Paris, 1665; Philosophical Transactions, Londres,1665; Giornale de Letterati, Roma, 1668; Acta Eruditorum Lipsiensis, Leipzig, 1682; Mémoires de l'Acádemie des Sciences, Paris, 1699; Miscellanea Berolinensia, Berlin, 1710; Commentarii Academiae Scientiarum Imperialis Petropolitanae, St. Petersburgo, 1728. Nelas foram publicados alguns dos mais importantes artigos científicos do período que compreende o final do século XVII e início do século XIX. No entanto, após o surgimento das revistas científicas, não foram somente elas que serviram de instrumento de divulgação de temas originais. A publicação de muitos resultados originais também se deu por intermédio de livros, e sobre isso existem alguns exemplos clássicos. Em alguns casos, o reconhecimento dos resultados apresentados deu-se de imediato, como é o exemplo de Isaac Newton que expôs muitos resultados originais em sua obra Philosophiae Naturalis Principia Mathematica, publicada em 1687. O Marquês de L‟Hospital (1661-1704) também apresentou alguns resultados originais em sua obra de maior importância, Analyse des infiniment petits, publicado em 1696. A famosa Regra de L’Hospital, embora reconhecida posteriormente como não sendo de sua autoria, ganhou notoriedade a partir de seu aparecimento nesse livro.

O matemático português José Anastácio da Cunha (1744-1787), porém, não teve a mesma sorte que os colegas acadêmicos acima citados. Anastácio da Cunha também apresentou alguns resultados originais acerca da análise infinitesimal em seu livro Princípios Mathemáticos, publicado em Lisboa, em 1790, mas, por problemas relativos à pequena divulgação da obra nos meios acadêmicos europeus, eles não lhes trouxeram o merecido reconhecimento no período da publicação. Se da Cunha tivesse optado por divulgá-los em revistas científicas existentes na época, certamente a história de seu reconhecimento como importante matemático europeu teria sido outra [2].

Casos semelhantes ao de Anastácio da Cunha são comuns no desenvolvimento historiográfico da matemática e, de tempos em tempos, descobrem-se autores que produziram boa matemática e que, inclusive, obtiveram resultados originais, antecipando-se àqueles que foram aclamados pela comunidade científica como tendo sido os primeiros a obterem tais resultados [3].

Além de livros e textos referentes a temas específicos que foram escritos por personagens pertencentes ao mundo científico, e que, ou ainda são desconhecidos pela comunidade de historiadores, ou ainda não foram analisados com a necessária profundidade histórico-científica, há um universo que se abre no campo literário em geral. Muitas outras obras que, embora não tenham sido escritas originalmente obedecendo os parâmetros estritamente científicos, também apresentam importantes informações acerca do desenvolvimento da ciência. Sejam essas obras de ficção ou não, em alguns casos, elas abordam temas que dizem respeito ao conhecimento científico, evocando inclusive muitos assuntos científicos originais. No caso das obras literárias classificadas como não sendo de ficção, possivelmente o melhor exemplo que, no decorrer da história do desenvolvimento cultural, apresentou em seu conteúdo idéias científicas originais, são as enciclopédias universais. Embora elas não tenham sido escritas com esse objetivo, pesquisas históricas realizadas em algumas dessas obras detectaram a existência de temas que foram tratados de forma relativamente original para a época de sua publicação [4].

No que diz respeito à apresentação de assuntos históricos, a obra enciclopédica é elemento fundamental, pois nela contém episódios que foram relevantes na época de sua publicação, muitos dos quais foram perdendo seu lugar de destaque com o decorrer dos anos, o que qualifica essas obras como importantes instrumentos para a análise historiográfica tanto sob o ponto de vista geral, como sob o específico. Uma análise sobre os elementos históricos referentes à matemática presentes em obras enciclopédicas é o objeto de interesse de um amplo trabalho de investigação. Uma primeira etapa deste trabalho foi realizada em uma obra do início do século VII Etymologiarvm sive Originvm libri XX, de Isidoro de Sevilla.

Sob o ponto de vista geral, uma obra enciclopédica é a apresentação sistemática de todo o conhecimento acumulado até o período de sua publicação. Uma obra enciclopédica possui características específicas e diferenciadas de uma obra científica especializada. Destinada ao grande público, a enciclopédia tem como principal meta apresentar as informações de tal forma que possam ser compreendidas por um leitor comum, ou seja, pelo leitor não especialista no assunto em questão. Enfim, uma enciclopédia tem como objetivo central oferecer aos seus leitores informações globais sobre determinados temas através de uma linguagem simples e de fácil compreensão. O objetivo central deste trabalho é analisar a matemática presente na obra supra citada, e, em especial, como se dá a apresentação de informações históricas relativas a ela. Inicialmente foi escolhida uma enciclopédia do período que antecedeu a Idade Média Européia, e sobre ela este texto discorrerá.

A escolha da enciclopédia de Isidoro de Sevilla para a realização deste estudo deve-se ao fato de que ela é uma das mais importantes obras enciclopédicas produzidas no período de transição entre as Idades Antiga e Média. Alguns anos antes da publicação da enciclopédia de Isidoro, Cassiodorus (490-585) foi responsável pela compilação da obra Institutiones divinarum et sæcularium litterarum, também uma enciclopédia que, em parte, serviu de referência para Isidoro. Por que então a opção pela obra de Isidoro? As frases de Bernard Ribémont colaboram para uma melhor explicação acerca dessa opção:

The medieval encyclopaedic tradition was founded under Isidore's pen. Indeed, even if Isidore, knowing the second book of the Instituitiones, took from it his speech on the liberal arts, his own procedure is quite different from that of Cassiodorus. Cassiodorus proposed a reading program to his monks, gathering sacred letters and secular ones –giving first place to the former- and built an educational course for the micro-society of monks, who needed to find their way in a library in search of the books they needed to improve their knowledge of the sacra pagina.. Isidore handled the problem differently, because he embedded it in a wider and a far more systematic perspective. Here there is no question of a catalogue raisonné, but rather each rubric is justified by two elements: in the first place, the book of Etymologiae, as indicated in the title, is entirely based on a system that could be summarised in the Isidorian maxim: etymologia est ortigo [5].

No sentido de completar as frases de Ribémont, há de ser destacada a importância dada atualmente à pessoa do Santo Isidoro de Sevilla, que tem o dia 4 de abril dedicado a ele. Isidoro é tido como o santo padroeiro dos internautas. Uma pessoa do passado a quem foram atribuídas qualidades futurísticas [6], sobre quem a frase do grande poeta alemão Friedrich Schiller (1759-1805) encontra um sentido: Die Welt wird alt und wird wieder jung, ou seja, o mundo torna-se velho e torna-se novamente jovem. Para a realização deste estudo foi utilizada a edição crítica da obra de Isidoro publicada no idioma original em 1911, em Oxford [7] e as principais obras de referência foram os textos de Ernest Brehaut An encyclopedist of the dark ages – Isidore of Seville, publicado em primeira edição no ano de 1912, Die Artes liberales im frühen Mittelalter (5. – 9. Jh.), de Brigitte Englisch [8].


Isidoro de Sevilla – vida e obra

Os dados relativos à infância e adolescência de Isidoro de Sevilla são escassos [9]. Presume-se que ele tenha nascido no ano de 560, provavelmente na região de Cartagena, no sul da Espanha. Com o falecimento de seus pais, quando ainda era muito jovem, Isidoro ficou aos cuidados de seu irmão mais velho, o Bispo Leandro de Sevilla (?-601?), que o encaminhou para a vida religiosa. Isidoro tornou-se Bispo de Sevilla aproximadamente entre 599 e 601, sucedendo a seu irmão. Seu falecimento dá-se no dia 04 de abril de 636, na cidade de Sevilla. Isidoro de Sevilla foi canonizado no ano de 1598, tornando-se Santo Isidoro de Sevilla. O dia de seu falecimento é referenciado pela Igreja Católica como “Dia de Santo Isidoro”. Em 1722 ele foi referenciado Mestre da Doutrina Religiosa pelo Papa Inocêncio XIII [10].

Embora considerado como apenas um disseminador do conhecimento, pois, segundo alguns historiadores contemporâneos, não realizou novas observações, não fez novas interpretações e nenhuma descoberta [11], Isidoro de Sevilla figura como um dos mais importantes personagens na história do período de transição entre a Antigüidade e a Idade Média Européia. Suas obras obtiveram grande difusão ainda no início do século VII, tornando-se conhecidas tanto por povos de origem latina quanto por outros povos como os irlandeses, os ingleses e os alemães. A obra de Isidoro é considerada como a mais lida durante todo o período da Idade Média Européia [12]. Devido às ricas informações contidas nessas obras, tanto sobre o período no qual foram escritas como também sobre períodos anteriores, é inquestionável sua relevância para a História da Humanidade. Esse fato pode ser confirmado a partir de inúmeras referências feitas aos escritos de Isidoro de Sevilla e, mais recentemente, a partir da quantidade de trabalhos histórico-científicos produzidos sobre sua produção literária, como se pode confirmar nas palavras de Ernest Brehaut: The influence which he exerted upon the following centuries was very great. His organisation of the field of secular science, although it amounted to no more than the laying out of a corpse, was that chiefly accepted throughout the early medieval period. The innumerable references to him by later writers, the many remaining manuscripts, and the successive editions of his works after the invention of printing, indicate the great role he played [13].

Sem deixar de lado assuntos religiosos, quando escreveu sobre as sagradas escrituras, as leis canônicas, teologia e liturgia, Isidoro também se dedicou à escrita de temas ligados à história da Espanha e história geral, à educação e à ciência, com ênfase nas Artes Liberais. Além de sua consagrada enciclopédia Etymologiarvm sive Originvm libri XX, os trabalhos mais importantes de Isidoro são: Differentiae, de Natura Rerum, Liber Numerorum, Alegoriae, Sentenciae e Ordine Creatorarum [14].

A obra Differentiae é composta de dois livros. O primeiro, organizado em ordem alfabética, trata das diferenças entre palavras e o segundo das diferenças entre coisas. O texto de Natura Rerum [15] é um livro científico onde Isidoro apresenta sua visão física do universo dissertando, sobre temas que são abordados no livro do Gênesis, como: o fenômeno da criação da luz; o dia e a noite e as seqüências das semanas e meses que compunham o calendário; o céu e os fenômenos meteorológicos como o trovão, o arco-íris, o vento; mares e oceanos, entre outros. O texto Liber Numerorum, embora pelo título dê a entender que seja um livro matemático, na verdade trata de assuntos ligados ao misticismo sobre os números. Alegoriae é um texto com breves comentários sobre as principais alegorias presentes no Velho e no Novo Testamento. O tratado sobre a doutrina cristã e sobre a moral, o Sententiae, composto de três livros, é um dos mais importantes escritos de Isidoro de Sevilla. No texto de Ordine Creaturarum, Isidoro, diferentemente do que havia feito no Natura Rerum, apresenta a criação do universo tanto do ponto de vista material como espiritual. Certamente todos os seus escritos serviram de suporte para que Isidoro pudesse organizar a sua obra principal, a enciclopédia Etimologias, sobre a qual apresentaremos maiores detalhes.


Etymologiarvm sive Originvm libri XX

Organizada em 20 livros, a obra Etimologias, ou Origens, de Isidoro de Sevilla figura como uma das mais importantes obras enciclopédicas da cultura ocidental. Um destaque acerca dessa importância está na quantidade de reedições que a obra tem [16]. Ainda sobre isso, escreve Ernest Brehaut: His many writings, and especially his great encyclopaedia, the Etymologies, are among the most important sources for the history of intellectual culture in the early middle ages, since in them are gathered together and summed up all such dead remnants of secular learning as had not been absolutely rejected by the superstition of his own and earlier ages [17].

Etimologias é uma obra que apresenta o conhecimento de forma geral com tendências a estabelecer um padrão educacional para a época. Através de uma ampla abordagem sobre o conhecimento humano da época, além dos assuntos eclesiais, Isidoro de Sevilla apresenta em sua obra uma quantidade significativa de temas que iriam fazer parte do Trivium e do Quadrivium [18] adotados pelas instituições educacionais nos séculos seguintes. Os títulos dos 20 livros são:

1. De Grammatica et Partibus eius;

2. De Rethorica et Dialetica;

3. De Mathematica, cuius partes sunt Arithmetica, Musica, Geometrica et Astronomica;

4. De Medicina;

5. De Legibus vel Instrumentis Iudicum ac de Temporibus;

6. De Ordine Scripturarum, de Cyclis et Canonibus, de Festivitatibus et Officiis;

7. De Deo et Angelis, de Nominibus Praesagis, de Nominibus Sanctorum Patrum, de Martyribus, Clericis, Monachis, et ceteris Nominibus;

8. De Ecclesia et Synagoga, de Religione et Fide, de Haeresibus, de Philosophis, Poetis, Sibyllis, Magis, Paganis ac Dis Gentium;

9. De Linguis Gentium, de Regum, Militum Civiumque Vocabulis vel Affinatatibus;

10. [De] Qua<e>dam Nomina per Alphabetum Distincta;

11. De Homine et Partibus eius, de Aetatibus Hominum, de Portentis et Transformatis;

12. De Quadrupedibus, Reptilibus, Piscibus ac Volat<il>ibus;

13. De Elementis, id est de Caelo et Aere, de Aquis, de Mare, [de] Fluminibus ac Diluviis;

14. De Terra et Paradiso et [de] Provinciis totius Orbis, de Insulis, Montibus ceterisque Locorum Vocabulis ac de Inferioribus Terrae;

15. De Civitatibus, de Aedificiis Vrbanis et Rusticis, de Agris, de Finibus et Mensuris Agrorum, de Itineribus;

16. De Glebis ex Terra vel Aquis, de omni genere Gemmarum et Lapidum pretiosorum et vilium, de Ebore quoque inter Marmora notato, de Vitro, de Metallis omnibus, de Ponderibus et Mensuris;

17. De Culturis Agrorum, de Frugibus universi generis, de Vitibus et Arboribus omnis generis, de Herbis et Holeribus universis;

18. De Bellis et Triumphis ac Instrumentis Bellicis, de Foro, de Spectaculis, Alea et Pila;

19. De Navibus, Funibus et Retibus, de Fabris Ferrariis et Fabricis Parientum et cunctis Instrumentis Aedificiorum, de Lanificiis quoque, Ornamentis et Vestibus universis;

20. De Mensis et Escis et Potibus et Vasculis corum, de Vasis Vinariis, Aquariis et Oleariis, Cocorum, Pistorum, et Luminariorum, de Lectis, Sellis et Vehiculis, Rusticis et Hortorum, sive de Instrumentis Equorum.

Especificamente, os livros apresentam os seguintes temas:

Artes Liberais

livros 1 a 3

Medicina e anatomia humana

livros 4 e 11

Direito

livro 5

Assuntos religiosos

livros 6 a 8

Idiomas e pessoas em diferentes impérios

livro 9

Dicionário etimológico (ordem alfabética)

livro 10

Zoologia

livro 12

Geografia, cosmologia e divisões do tempo

livros 13, 14 e 5

Elementos da construção civil, materiais, pesos e medidas

livros 15 e 16

Agricultura

livro 17

Elementos bélicos

livro 18

Navegações, edificações, ornamentações

livro 19

Alimentos, ferramentas, móveis

livro 20

Em grandes blocos, os assuntos presentes na Etimologias são:

  • Educacionais e científicos: englobando as artes liberais, medicina, zoologia, geografia, cosmologia, meteorologia, etc.;
  • Religiosos e jurídicos;
  • Técnicos: com temas sobre edificações, agricultura, navegações, elementos de guerra, etc.

Em uma análise preliminar sobre os três blocos de assuntos presentes na enciclopédia de Isidoro percebe-se a abrangência e o caráter universal da obra em relação ao período no qual foi escrita. De modo geral, os temas justificam-se a partir do pensamento intelectual da época. Os temas religiosos e jurídicos são justificados pelas atividades religiosas do autor e a estreita ligação entre igreja e estado. Os temas técnicos adquirem uma conotação toda especial para o período de conquistas romanas e a construção, também no sentido físico, do grande Império Romano. Os temas educacionais e científicos apresentados na obra Etimologias são característicos do pensamento enciclopédico do período em questão e dizem respeito também ao envolvimento de Isidoro com assuntos ligados à educação de jovens nos mosteiros. Dentre os assuntos científicos apresentados na enciclopédia, a Matemática ocupa um destaque especial no livro 3, de Mathematica, cuius partes sunt Arithmetica, Musica, Geometrica et Astronomica, onde são abordados os grandes temas matemáticos da época, consagrados como os elementos fundamentais no currículo acadêmico da Idade Média Européia, ou seja, o Quadrivium. A esse capítulo dedicaremos maior atenção.


Livro 3: de Mathematica, cuius partes sunt Arithmetica, Musica, Geometrica et Astronomica (sobre a Matemática, cujas partes são Aritmética, Música, Geometria e Astronomia).

Na história européia, o período que compreende os séculos VI e VII, vivido por Isidoro de Sevilla, é conhecido historicamente como um período obscuro devido às poucas informações que se tem sobre ele. Isso também diz respeito ao pouco que se sabe sobre o desenvolvimento da matemática. Anicius Boethius (c.480-524) é reconhecidamente o matemático mais importante dessa época e sua obra representa o período no qual se fortaleciam as traduções de textos de matemática do grego para o latim. Um outro personagem importante para esse período foi o senador romano Flavius Magnus Aurélius Cassiodorus (490-585), discípulo de Boethius. Apesar de ele não ter se dedicado às matemáticas, é responsável por importantes obras de divulgação, dentre elas Institutiones divinarum et sæcularium litterarum, em dois volumes, o segundo volume dedicado às Artes Liberais, onde a matemática está incluída. Como seguidor das orientações de Cassiodorus, e indiretamente das de Boethius, Isidoro de Sevilla figura também como uma personalidade importante para a matemática nessa chamada época das trevas. Dentre as poucas informações que se tem sobre a matemática no território europeu dessa época, as obras de Boethius, Cassiodorus e de Isidoro destacam-se como as de maior importância. O texto sobre a matemática que Isidoro apresenta na Etimologias, por obedecer a características próprias a um texto enciclopédico, é classificado como um texto educacional. E foi certamente este o objetivo do autor, ou seja, apresentar assuntos referentes à matemática de forma simples e de fácil compreensão. A caracterização de texto educacional evidencia-se através da forma como Isidoro classifica as quatro partes da matemática. Aritmética, geometria, música e astronomia são classificadas não como domínios do conhecimento matemático, mas sim como disciplinas, seguindo, portanto, o propósito do autor em oferecer um texto didático sobre a matemática que pudesse ser utilizado por estudantes de sua época.


O conteúdo matemático na obra Etimologias

Iniciamos este capítulo afirmando que não é o propósito deste trabalho realizar uma análise detalhada sobre como é apresentada a matemática na obra Etimologias de Isidoro de Sevilla. Para os interessados em tal análise, indicamos as obras citadas no início do texto. O objetivo central é apenas dar uma visão geral de como Isidoro apresentou a matemática, abrindo então um caminho para o tema central deste trabalho, que é a análise sobre os temas historiográficos relativos à ciência e à matemática presentes na obra.


Sobre a aritmética

Isidoro inicia o texto dizendo que a aritmética é a ciência dos números e que na literatura secular os escritores assumem que eles (os números) são os primeiros elementos na ciência matemática que não dependem de outras ciências para sua existência. Após essa introdução, são apresentados pequenos verbetes (itens) explicativos sobre os números, suas qualidades e as operações entre eles. Os verbetes são:

 quid sit numerus (o que é número): é um verbete introdutório onde é dada uma explicação inicial sobre o que é número, numerus autem est multitudo ex unitatibus constituta (número é multitude constituída de unidades), e em seguida algumas explicações sobre a origem dos termos, nas quais são comparados os termos em grego com o seu significado em latim. Ao realizar as explicações sobre as relações entre os termos em grego e em latim, percebe-se que Isidoro se fundamenta na cultura matemática grega para desenvolver seus escritos;

quid praestent numeri (a que servem os números): neste verbete Isidoro evoca o poder religioso para justificar a importância dos números na vida das pessoas. Para tanto é citada uma frase contida no Livro da Sabedoria das Sagradas Escrituras - "Omnia in mensura et numero et pondere fecisti" (tudo dispuseste com medida, número e peso) (Sap. 11,21);

de prima divisione parium et imparium (sobre a primeira divisão em pares e ímpares): a divisão dos números em pares e ímpares e suas características é explicada neste verbete. Dentre algumas classificações dadas por Isidoro, como “números simples, compostos, medíocres, etc”, aparece a classificação de número primo embora a expressão “número primo” não seja usada – Simplices sunt, qui nullam aliam partem habent nisi solam unitaten, ut ternarius solam tertiam, et quinarius solam quintam, et septanarius solam septimam. His enim una pars sola est (simples são os que não têm nenhuma outra parte senão a unidade, como o ternário só a terça, o quinário só a quinta, o septenário só a sétima. Pois nesses há apenas uma só parte);

de secunda divisione totius numeri (sobre a segunda divisão de todos os números): aqui são dadas explicações sobre os múltiplos e submúltiplos dos números, igualdade e desigualdade entre números, e, através da comparação entre números, são apresentados números fracionários. O exemplo dado para isto é que na comparação entre os números 3 e 2, o 3 contém o 2 uma vez mais o número 1, que é a metade do 2;

de tertia divisione totius numeri (sobre a terceira divisão de todos os números): neste item Isidoro escreve que os números são divididos em abstratos e concretos e estes (os concretos) podem ser compreendidos como a representação de medidas lineares, medidas de superfície e medidas de volumes. Os números abstratos são aqueles que são entendidos como unidades abstratas e os números concretos representam magnitude. Nesse verbete Isidoro evidencia a utilização prática dos números quando eles representam uma unidade de medida, mas é importante ressaltar que a noção abstrata de número não é abandonada;

de differentia Arithmeticae, Geometriae et Musicae (sobre a diferença entre aritmética, geometria e música): neste pequeno verbete, Isidoro explica, a partir de exemplos numéricos, que há diferenças nas operações com números efetuadas no campo da aritmética, ou no campo da geometria, ou então no campo musical;

quot numeri infinit existunt (que números infinitos existem): através de explicações sobre o processo da soma e da multiplicação entre os números é dada a certeza da existência de números infinitamente grandes.


Sobre a geometria

O capítulo sobre geometria é apresentado por Isidoro de forma bem sucinta; de forma geral, são explicadas apenas algumas nomenclaturas. Os verbetes com a apresentação dos elementos geométricos são:

de quadripartita divisione geometriae (sobre os quatro desdobramentos da geometria): que a geometria se desdobra em figuras planas, grandezas numéricas, grandezas racionais e figuras sólidas. Na explicação sobre o que são grandezas racionais, Isidoro menciona a existência de grandezas irracionais - Magnitudines rationales sunt, quorum mensuram scire possumus, inrationales vero, quorum mensurae quantitas cognita non habetur (grandezas racionais são aquelas das quais podemos ter uma medida, e as irracionais aquelas das quais não há medida em quantidade conhecida);

de figuris geometriae (sobre as figuras geométricas): através do auxílio do desenho, são apresentadas algumas figuras geométricas como círculo e semicírculo, quadrilátero, esfera, cubo, cone, pirâmide, entre outras. Neste item também aparecem as definições de ponto, reta e plano (superfície) que seguem as orientações expostas por Euclides (c.365-300) em seus Elementos – Prima autem figura huius artis punctus est, cuius pars nulla est. Secunda linea, prater latitudinem longitudo. Recta linea est, quae ex aequo in suis punctis iacet. Superficies vero, quod longitudines et latitudines solas habet. Superficei vero fines lineae sunt, quorum formae ideo in superioribus decem figuris positae non sunt, quia intereas inveniuntur (A primeira figura desta arte é o ponto, que não tem parte. A segunda é a linha, que tem longura, mas não largura. Linha reta é a que jaz por igual em seus pontos. A superfície tem apenas largura e longura. Os limites da superfície são as linhas, cujas formas por isso não foram postas nas dez figuras acima (anteriores), porque se encontram entre elas);

de numeris geometriae (sobre os números geométricos): neste item são dados alguns exemplos numéricos com o objetivo de se explicar a existência da média geométrica.


Sobre a música

Por meio de um tratamento educacional, onde a música é apresentada como a mais velha das subdivisões da matemática, Isidoro inicia este capítulo explicando o que é música – Musica est peritia modulationes sono cantuque consistens (Música é uma perícia que consiste em realizar modulações com som e canto) e as origens do termo música – et dicta Musica per derivationem a Musis (é dita Música por derivação de Musas). A seguir, tece pequenos comentários sobre a importância da música, suas subdivisões e como os tempos musicais se ordenam de forma numérica. A apresentação de alguns dos verbetes é dada da seguinte forma:

quid possit musica (sobre o poder da música): neste verbete é destacado que o conhecimento musical é primordial para que se dê o conhecimento universal;

de tribus partibus musicae (sobre as três partes da música): as três partes da música são: harmônica, rítmica e métrica;

de triformi musicae divisione (sobre as três formas de divisão da música): nestes e nos próximos verbetes, Isidoro tece explicações sobre a divisão harmônica, a divisão orgânica e sobre a divisão rítmica da música;

de numeros musicis (sobre os números da música): neste verbete são explicadas as relações entre os números e os tempos musicais.


Sobre a astronomia

O capítulo sobre a astronomia é o maior dos quatro apresentados como subdivisões da matemática. São 47 verbetes (itens) sendo que o último (sobre os nomes das estrelas) ocupa a terça parte do capítulo. Alguns dos verbetes são:

de differentia astronomiae et astrologiae (sobre a diferença entre astronomia e astrologia): neste item Isidoro evidencia que há diferenças entre astronomia e astrologia. Enquanto a astronomia explica os movimentos ocorridos no céu, as posições e os movimentos dos corpos celestes, assim como suas origens e nomenclaturas, a astrologia é em parte natural e em parte superstição. A parte supersticiosa da astrologia é aquela que faz profecias através das estrelas. Este é um tema que certamente abalava as estruturas religiosas da época, no entanto Isidoro não omite em sua obra a existência de áreas do conhecimento que se ocupam de temas que se contrapõem aos dogmas religiosos;

de astronomiae ratione (sobre a razão da astronomia): o objetivo da astronomia é definir o que é o universo, o que é posição e movimento dos planetas, o que são os cursos do sol, da lua e das estrelas, etc;

de forma mundi (sobre a forma do universo): forma mundi ita demonstratur. Nam quemadmodum erigitur mundus in septentrionalem plagam, ita declinatur in australem. Caput autem eius et quasi facies orientalis regio est, ultima pars septentrionatis est (sobre a forma do universo: a forma do universo assim se demonstra. Da mesma forma como o universo se ergue na região setentrional, assim declina na austral. Sua parte superior e como que sua face é a região oriental, e sua parte inferior a setentrional.);

de sphaerae caelestis situ (sobre a localização da esfera celeste): seguindo o modelo ptolomaico, o que é natural para a época, Isidoro afirma que o universo é uma esfera e seu centro é a Terra;

de magnitudine solis (sobre a magnitude do sol): Magnitudo solis fortior terrae est, unde et eodem momento, quum oritur, et orienti simul et occidenti aequaliter apparet. Quod tamquam cubitalis nobis videtur, considerare oportet quantum sol distat a terris, quae longitudo facit ut parvus videatur a nobis (O sol é maior do que a terra, pois no mesmo momento em que nasce, apresenta-se igualmente ao oriente e ao ocidente. Porque parece ter a altura de um côvado, é preciso considerar o quanto o sol dista da terra, e a distância faz com que pareça pequeno para nós);

de cursu solis (sobre o curso do sol): Neste item é afirmado que o Sol tem um movimento sobre si próprio e que não acompanha o movimento do universo - Solem per se ipsum moveri, non cum mundo verti (o sol se move por si só, e não junto com o universo). Também é ressaltado que o Sol não possui um curso fixo, o que se percebe através das mudanças de local no nascente e poente;

de itinere solis (sobre o itinerário do sol): Sol oriens per meridiem iter habet. Qui postquam ad occasum venerit et Oceano se tinxerit, per incognitas sub terra vias vadit et rursus ad orientem (O sol, depois que nasce faz, seu caminho pelo meridião. Depois que tiver se posto e se banhado no Oceano, vai por sob a terra, por caminhos desconhecidos, de volta ao oriente). [...];

de lumine lunae (sobre a luz da Lua): neste verbete Isidoro evidencia que há discussões entre os filósofos sobre se a Lua possui ou não luz própria. Enquanto alguns afirmam que a Lua possui luz própria, que uma de suas partes é brilhante e a outra escura e que seu movimento resulta nas diferentes fases, outros, ao contrário, afirmam que ela é iluminada pelos raios do Sol, e que, portanto, por esse motivo, ocorre o eclipse. Cabe ressaltar aqui a postura de Isidoro em divulgar pensamentos divergentes sobre determinados assuntos, no entanto fica claro que ele adota a segunda interpretação quando ele disserta em outro verbete sobre a luz das estrelas;

de vicinitate lunae ad terras (sobre a proximidade da Lua com a Terra): a Lua está mais próxima da Terra do que o Sol e, portanto, tem uma órbita menor e por isto termina seu curso mais rapidamente. Neste verbete também é acrescentado que os antigos entendem que a mudança dos meses depende da Lua enquanto a mudança dos anos depende do Sol;

de lumine stellarum (sobre a luz das estrelas): neste verbete, em poucas palavras, Isidoro assume que as estrelas não têm luz própria e que, da mesma forma que a Lua, são iluminadas pelo Sol;

de nominibus stellarum (sobre os nomes das estrelas): este é o maior verbete do capítulo, ocupando aproximadamente a terça parte dele. Nele são apresentados os nomes dos astros conhecidos no céu, como os planetas, estrelas, constelações, etc. Há também uma pequena explicação sobre os cometas.


Notas sobre a história da matemática no Livro 3

Ao iniciar os capítulos referentes à aritmética, geometria, música e astronomia, Isidoro de Sevilla faz a apresentação dos temas a partir de informações sobre suas histórias e sobre alguns personagens que tenham contribuído para o desenvolvimento deles. Com exceção da aritmética, parte em que Isidoro escreve sobre seus autores, de auctoribus eius, nos outros três casos ele usa o termo “inventores” para qualificar aqueles que foram os primeiros a atuarem nos referidos assuntos (por exemplo, de inventoribus geometriae: sobre os inventores da geometria). A discussão sobre se os elementos matemáticos são descobertas ou invenções faz parte das questões filosófico-acadêmicas da época atual. Não há indícios na obra de Isidoro de que ele estivesse atento a este tema, tanto porque ele não menciona a palavra descoberta em seu texto. Nesse sentido fica aqui registrado como um pensador europeu do início do século VII qualificava aqueles que foram pioneiros no desenvolvimento de um determinado assunto teórico.

As referências históricas presentes na obra Etimologias aparecem através de pequenas informações, em forma de verbetes (itens), onde são evidenciados a origem dos assuntos ou quem foram os primeiros a se ocupar deles. Para que se possa ter idéia de como estão apresentados tais verbetes, transcrevemos aqui os textos na versão original em latim, acompanhados das respectivas análises históricas:


Livro 3 – de Mathematica

Capítulo – de Arithmetica

DE AVCTORIBVS EIVS. Numeri disciplinam apud Graecos primum Pythagoram autumant cosncripsisse, ac deinde a Nicomacho diffusius esse dispositam; quam apud Latinos primus Apuleius, deinde Boetius transtulerunt.

Isidoro menciona que Pitágoras foi o primeiro grego a escrever sobre a ciência dos números e que posteriormente foi completado por Nicomachus. As informações históricas contidas nesse verbete são importantes contribuições para aqueles que posteriormente viriam a escrever sobre a história das origens das teorias numéricas. Isidoro ressalta a figura do personagem de nome Pitágoras (c.580-500), ligado à Ciência dos Números. Embora Isidoro não mencione a existência de documentos que comprovem a existência de Pitágoras, pois certamente ele também se apóia em outros autores que o citam [19], esse é mais um documento histórico que confirma a ligação de Pitágoras com a matemática e especificamente com temas relacionados à teoria de números. Outra informação histórica importante que aparece nesse pequeno verbete é a existência de um outro grego que continuou os estudos iniciados por Pitágoras ou por membros da Escola Pitagórica. Isidoro cita Nicomachus de Gerasa (~100 A.D.), pitagórico que, além de escritos matemáticos, produziu muitos textos sobre teoria musical [20]. A respeito da obra matemática de Nicomachus, Isidoro não menciona o título - certamente deve ser o seu texto mais conhecido, Introdução à aritmética [21] - mas explicita que ela obteve duas traduções para o latim. Com relação às traduções para o latim, Isidoro menciona que a obra de Nicomachus foi primeiramente traduzida por Apuleius e em seguida por Boethius. São duas informações importantes para a compreensão do desenvolvimento histórico relativo às traduções de textos gregos para o latim. Primeiramente é citado Apuleius de Madaura (c.125-171), um sofista platônico provavelmente do século II da Era Cristã, de quem muito pouco se sabe, muito menos sobre suas atividades relacionadas à matemática [22]. Cabe ressaltar, que dentre as poucas informações que se têm atualmente sobre Apuleius, algumas são originárias das menções feitas a ele por Cassiodorus e Isidoro [23]. Caso fosse encontrada, certamente essa tradução da obra de Nicomachus feita por Apuleius teria sua dose de contribuição para a compreensão do pensamento romano-europeu no início da era cristã. Como dissemos, o segundo autor citado por Isidoro como tradutor da obra de Nicomachus foi o erudito italiano Anicius Boethius (c.480-524), que em vida atuou nas áreas de lógica, matemática, música, teologia e filosofia. A informação dada por Isidoro de que Boethius traduziu a obra de Nicomachus não é uma simples especulação. Historiadores clássicos como Montucla (1725-1799) e Moritz Cantor reafirmam o que Isidoro escreve. Historiadores contemporâneos que se dedicaram à comparação entre as obras, como o Prof. Dr. Menso Folkerts, do Institut der Geschichte der Naturwissenschaften da Universidade de Munique, por exemplo, também confirmam que os textos matemáticos de Boethius são traduções de textos gregos [24]. Isso nos leva a reafirmar a importância das informações históricas contidas na obra de Isidoro.


Livro 3 – de Mathematica

Capítulo – de Geometria

DE INVENTIORIBVS GEOMETRIAE. Geometriae disciplina primum ab Aegyptiis reperta dicitur, quod, inundante Nilo et possessionibus limo obductis, initium terrae dividendae per lineas et mensuras nomen arti dedit. Quae deinde longius acumine sapientium profecta et maris et caeli et aeris spatia metiuntur. Nam provocati studio sic coeperunt post terrae dimensionem et caeli spatia quaerere: quanto intervallo luna a terris, a luna sol ipse distaret, et usque ad verticem caeli quanta se mensura distenderet, sicque intervalla ipsa caeli orbisque ambitum per numerum stadiorum ratione probabili distinxerunt. Sed quia ex terrae dimensione haec disciplina coepit, ex initio sui et nomen servavit.

Isidoro escreve que a geometria foi inventada pelos egípcios quando, com o recuo das águas após as inundações do rio Nilo, a terra fértil era dividida para as plantações. Essa divisão de terras através de medidas de comprimento e medidas de área deu origem ao termo “geometria”. Como complemento ele diz que posteriormente as medições foram ampliadas para verificar as dimensões dos mares e as dimensões no céu. Segundo Isidoro, os pensamentos sobre medições astronômicas, como a distância entre a terra e a lua, a terra e o sol, entre outras, também contribuíram para o início dessa disciplina. A passagem histórica sobre o início da geometria a partir das divisões das terras férteis às margens do rio Nilo no Egito tornou-se clássica e é citada em textos históricos até os dias de hoje. Conforme visto anteriormente, Isidoro não oferece muitas informações sobre a geometria, e são apresentadas pouquíssimas informações históricas, o que chega a causar curiosidade em se saber sobre os motivos que o levaram a não oferecer aos leitores maiores e mais detalhadas informações sobre o assunto que se manteve no auge do pensamento filosófico-matemático na Grécia antiga.


Livro 3 – de Mathematica

Capítulo – de Musica

DE INVENTIORIBVS EIVS. Moyses dicit repertorem musicae artis fuisse Tubal, qui fuit de stirpe Cain ante diluvium. Graeci vero Pythagoram dicunt huius artis invenisse primordia ex malleorum sonitu et cordarum extensione percussa. Alii Linum Thebaeum et Zetum et Amphion in musica arte primos claruisse ferunt...

Sobre a história da música, Isidoro inicia o texto com o que provém do texto bíblico no qual Moisés diz que o inventor da arte musical foi Tubal, um membro da família de Caim que viveu antes do dilúvio. Na continuidade, Isidoro escreve que os gregos afirmam que Pitágoras foi o primeiro a descobrir a arte do som através de batidas em cordas esticadas e que outros afirmam que Linus de Thebes, Zethus e Amphion foram os primeiros a ganharem fama nas artes musicais. Como se pode perceber, Isidoro oferece informações sobre os descobridores da música, baseando-se em histórias do antigo testamento e da mitologia grega. No entanto ele acrescenta que Pitágoras, além da ciência dos números, também esteve ligado às teorias musicais.


Livro 3 – de Mathematica

Capítulo – de Astronomia

DE INVENTORIBVS EIVS. Astronomiam primi Aegyptii invenerunt. Astrologiam vero et nativitatis observantiam Chaldaei primi docuerunt. Abraham autem instituisse Aegyptios Astrologiam Iosephus auctor adseverat. Graeci autem dicunt hanc artem ab Atlante prius excogitatam, ideoque dictus est sustinuisse caelum.

DE INSTITVTORIBVS EIVS. In utraque autem lingua diversorum quidem sunt de astronomia scripta volumina, inter quos tamen Ptolemaeus rex Alexandriae apud Graecos praecipuus habetur: hic etiam et canones instituit, quibus cursus astrorum inveniatur.

Como informação histórica acerca da astronomia, Isidoro de Sevilla escreve neste capítulo que os egípcios foram os primeiros a inventar a astronomia e os caldeus os primeiros a realizar observações astrológicas acerca do nascimento das pessoas. Diz ainda que Josephus afirma que Abraão ensinou a astrologia aos egípcios. Para os gregos, continua Isidoro, a astronomia foi inicialmente elaborada por Atlas e por isso é dito que ele levantou o mundo. Nessa pequena introdução é apresentada uma importante informação histórica sobre o fato de que os egípcios desenvolveram atividades relativas à astronomia. As diversas expedições arqueológicas realizadas no Egito em épocas recentes confirmam tal informação.

Outro tema apresentado por Isidoro diz respeito às pessoas que ensinaram astronomia e, neste item, ele escreve sobre a existência de várias obras, também escritas em outro idioma (certamente, além do latim, o grego) e por diferentes autores. Entre eles, segundo as informações de Isidoro, Ptolomeu de Alexandria (85-165) é considerado o principal dentre os gregos e foi quem ensinou as formas de como se pode descobrir a trajetória das estrelas. Destaca-se aqui a precisa informação sobre a importância de Ptolomeu para o desenvolvimento de estudos relativos à astronomia; e o próprio tamanho do capítulo nos mostra o quanto essa área do conhecimento científico despertava interesse.

Em uma visão geral sobre os assuntos históricos referentes a temas matemáticos presentes na obra Etimologias, nota-se que a quantidade de informações é pequena. No entanto, pode-se dizer que, em se tratando de um texto cuja finalidade é divulgar o conhecimento matemático como um todo, Isidoro de Sevilla oferece aos seus leitores uma grande oportunidade para que eles possam ter um mínimo de conhecimento sobre as origens dos assuntos apresentados. Fica, portanto, marcada a contribuição de Isidoro de Sevilla para a historiografia da matemática. A partir do que acabamos de apresentar, pode-se confirmar, em primeira instância, a tese de que através de pequenas informações históricas presentes em verbetes científicos de obras enciclopédicas começam-se os primeiros ensaios para a escrita da história da matemática.


Comentários finais

Os textos enciclopédicos, cuja história se inicia já no quarto século antes de Cristo, revelam elementos importantes para a análise histórica referente à época em que foram produzidos. Em alguns casos, informações relativas a determinados assuntos históricos não são encontradas em outros textos senão nos enciclopédicos. Um importante exemplo sobre o assunto é o brilhante trabalho realizado por Brigitte Englisch, citado no início deste texto. A autora utiliza-se de obras enciclopédicas do período de transição entre a Antigüidade e a Idade Média Européia para realizar uma análise histórica sobre como se deu o início daquilo que foi o currículo acadêmico adotado nas universidades medievais européias, ou seja, as Artes Liberais.

Nesse sentido, esse amplo projeto de pesquisa histórica, que visa à análise de componentes matemáticos presentes em obras enciclopédicas, priorizando a apresentação de elementos históricos, poderá vir a ser também uma grande contribuição para aqueles que se preocupam com assuntos relativos à história da matemática, à história da educação matemática, à história de disciplinas (no caso, da disciplina História da Matemática), entre outros temas que porventura sejam pertinentes a esses temas.


Bibliografia principal

Isidori Hispalensis Episcopi (séc. 7). Etymologiarum sive Originum Libri XX. Strasburg: Mentelin. Edição de 1470 em microfichas na biblioteca do Max-Planck-Institut für Wissenschaftsgeschichte – Berlin.

Isidori Hispalensis Episcopi (séc. 7). Etymologiarum sive Originum Libri XX, recognovit brevique adnotatione critica instruxit W.M. Lindsay, Oxford, Oxford University Press. Edição publicada em 1911, 2 vol.


Obras de referência

Binkley, Peter. ed. 1997. Pre-Modern Ecyclopaedic Texts. Proceedings of the Second COMERS Congress, Groningen, 1-4 July 1996. Leiden: Brill.

Brehaut, Ernest. 1912. An encyclopedist of the dark ages – Isidore od Seville. New York: Leonox Hill Pub. & Co.

Cantor, Moritz. 1880-1908. Vorlesungen über Geschichte der Mathematik. Leipzig: Teubner.

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Cunha, José Anastácio. 1790 (1987). Princípios Mathematicos. Lisboa (Universidade de Coimbra – edição fac-símile).

Diesner, Hans J. 1978. Isidor von Sevilla und das Westgotische Spanien. Trier: Spee-Verlag.

Englisch, Brigitte. 1994. Die Artes liberales im frühen Mittelalter (5. – 9. Jh.). Sudhofs Archiv Beihefte, 33.

Folkerts, Menso. 1970. “Boethius” Geometrie II, ein mathematisches Lehrbuch des Mittelalters. Wiesbaden: Franz Steiner Verlag.

Gericke, Helmuth. 1984. Mathematik in Antike und Orient. Berlin: Springer-Verlag.

Gericke, Helmuth. 1994. Mathematik im Abendland. Wiesbaden: Fourier Verlag.

Gillispie, Charles C. ed. 1970-80. Dictionary of Scientific Biography. New York: Charles Scribner's Sons.

Heath, Thomas L. 1921. A History of Greek Mathematics. Oxford: Clarendon Press.

Katz, Victor J. 1993. A History of Mathematics - an introduction. New York: Harper Collins College Publishers.

Lexikon des Mittealters. 1980-98. München und Zürich: LexMA-Verlag.

Lexikon für Theologie und Kirche 1930-1938. Freiburg im Breisgau: Herder & Co. GMBH Verlagsbuchhandlung. 2a ed.

Montucla, Jean E. 1758. Histoire des Mathematiques. Paris.

Montucla, Jean E. 1799-1802. Histoire des Mathematiques. Paris. 2a ed.

Nesselmann, Georg H. 1842. Die Algebra der Griechen. Berlin: Verlag von G. Reimer.

Nobre, Sergio. 2001. Elementos Historiográficos da Matemática presentes em Enciclopédias Universais. Dissertação acadêmica defendida para obtenção do título de Livre Docente em História da Matemática. Unesp: Rio Claro.

Poggendorff, Johann C. ed. 1863. Biographisch-Literarisches Handwörterbuch zur Geschichte der Exacten Wissenschaften: Leizpig: Verlag von Johann Ambrosius Barth.

Porzig, W. 1937. Die Rezenzionen der Etymologiae des Isidorus von Sevilla. Hermes, 72, 129-170.

Struik, Dirk. 1980. The Historiography of Mathematics from Proklos to Cantor. NTM – Schriftenr. Gesch. Naturwiss., Techinik, Med., 17, 1-22.

Urbel, Justo P. de. 1945. San Isidoro de Sevilla. Barcelona: Editorial Labor, 1945.

Velde, A. J. J. van de. 1953. Le compendium du Vième Siécle Oeuvre de Isidorus Hispalensis. Actes du VII. Congrès International d’Histoire des Sciences, Jerusalém, 615-619.

Vogel, Kurt. 1965. L‟Historiographie Mathématique avant Montucla. Actes du XIe Congrès International D’Histoire des Sciences, Varsovie – Cracovie, vol. 3, 179-184.


Sergio Nobre. 
Professor Adjunto do Departamento de
Matemática - Instituto de Geociências e
Ciências Exatas-Unesp-Rio Claro

E-mail: sernobre@rc.unesp.br


Resumo

Neste texto é apresentada uma visão geral sobre a matemática presente na obra Etymologiarvm sive Originvm libri XX, uma enciclopédia escrita pelo Santo Isidoro de Sevilla no início do século 7 da era Cristã. Isidoro dedicou o livro 3 de sua obra à matemática, onde são apresentados os assuntos relativos à aritmética, geometria, música e astronomia. A apresentação da história da matemática presente nesta enciclopédia é o objeto central deste trabalho.

Palavras-chave: Enciclopédias, Matemática e Enciclopédia, Isidoro de Sevilla, Historiografia da Matemática, Século 7

Abstract

This text presents an overview of the mathematics in the Etymologiarvm sive Originvm libri XX, an encyclopedic work written by Saint Isidore of Seville at the beginning of the 7th century. In the 3rd book of his work, Isidore wrote about arithmetic, geometry, music and astronomy. The contribution of Isidore to the historiography of mathematics is the main topic of this work.

Keywords: Encyclopaedia, Mathematics and Encyclopaedia, Isidore of Sevilla, Historiography of Mathematics, 7th Century


Notas:

[*] Este texto é parte integrante da dissertação Elementos Historiográficos da Matemática presentes em Enciclopédias Universais, defendida em março de 2001, como requisito para obtenção do título de Livre-Docência em História da Matemática.

[1] Alguns historiadores afirmam que seria mais fácil para Leibniz descobrir novos conceitos relativos ao Cálculo Diferencial e Integral do que decifrar os anagramas enviados por Newton.

[2] Maiores detalhes sobre esse tema veja-se em Youshkevitch, A. P. 1973, Youshkevitch, A. P. 1978, Queiró, João Filipe. 1972 e Cunha, José Anastácio. 1790 (1987).

[3] José Anastácio da Cunha antecipou-se em pelo menos 30 anos a Cauchy ao apresentar seus resultados relativos aos critérios de convergência de séries infinitas, porém a comunidade científica batizou esses resultados como Critérios de Cauchy, pois os de Anastácio da Cunha não eram conhecidos pela comunidade científica européia. Veja-se em Youshkevitch, A. P. 1973, Youshkevitch, A. P. 1978, Queiró, João Filipe. 1972 e Cunha, José Anastácio. 1790 (1987), definição I do livro VIIII.

[4] Existem alguns estudos históricos realizados junto às grandes enciclopédias universais, principalmente às mais famosas como a inglesa e a francesa, em que foram constatados tais resultados. Veja-se em Hughes, Arthur. 1951-53 e Yeo, Richard. 1991. Estudos recentes sobre esse tema também foram realizados por este autor junto à Grosses Vollständiges Universal Lexicon, publicada na primeira metade do século XVIII, na Alemanha. Em relação à modernidade na apresentação de temas matemáticos, esta enciclopédia ultrapassou as expectativas para uma obra de cunho literário. Em alguns tópicos referentes à grande descoberta matemática de então, o cálculo diferencial e integral, a Universal Lexicon apresenta conceitos bem originais. Os conceitos de grandeza infinitamente pequena e de fronteira, por exemplo, são apresentados na enciclopédia de forma que antecipa em pelo menos 70 anos os resultados alcançados inicialmente por Bernard Bolzano (1781-1848) e posteriormente por Augustin-Louis Cauchy (1789-1857). Veja-se em Nobre, Sergio. 1994.

[5] Artigo de Bernard Ribémont “On the definition of an encyclopaedic genre in the middle ages” em Binkley, Peter. ed. 1997, 49.

[6] Sobre as qualidades futurísticas dos Santos, há uma discussão sobre qual Santo poderia tornar-se Patrono da Rede Mundial de Computadores - Internet (veja-se, por exemplo em http://www.santiebeati.it/patrono.html - extraído em 02.01.2004). No entanto, alguns setores da comunidade católica já se decidiram por Isidoro de Sevilla como o Patrono dos Estudandes, dos Técnicos de Informática, dos Usuários de Computadores, dos Usuários da Internet, entre outras ocupações ligadas à área da informática -veja em http://www.catholicforum.com/saints/sainti04.htm e http://www.catholic.org/saints/patron.php?letter=C (ambas páginas extraídas em 02.01.2004).

[7] Gostaria de agradecer a Frederico J. A. Lopes pela importante ajuda na tradução do latim para o português de alguns trechos da obra.

[8] Brehaut, Ernest. 1912 e Englisch, Brigitte. 1994. Enquanto o texto de Brehaut é específico sobre a obra de Isidoro, o texto de Englisch é um verdadeiro tratado comparativo acerca das Artes Liberais entre diversas obras do início da Idade Média.

[9] Podem-se encontrar importantes informações no sentido de reconstruir historicamente alguns períodos de sua vida em Brehaut, Ernest. 1912, 15-34, Urbel, Justo P. de. 1945 e Diesner, Hans J. 1978.

[10] Melhores informações sobre sua canonização são encontradas em Lexikon für Theologie und Kirche (1930-1938), 4, 626.

[11] Veja-se em Gillispie, Charles C. ed. 1970-80, 7, 27.

[12] Veja-se em Englisch, Brigitte. 1994.

[13] Brehaut, Ernest. 1912, 17.

[14] Sua obra completa foi publicada em 7 volumes em Roma, entre os anos de 1797 e 1803.

[15] Existe uma edição crítica sobre a obra de Natura Rerum publicada por G. Becker em 1857, em Berlin.

[16] Etimologias figura entre os primeiros livros que foram impressos depois da invenção da imprensa, na segunda metade do século XV. Em 1472 foi editada em Augsburg, em 1477 em Basel, em 1482 em Veneza, em 1489 novamente em Basel, 1493 novamente em Veneza e nos anos de 1499 e 1500 ganhou mais duas edições na cidade de Paris.

[17] Brehaut, Ernest. 1912, 16.

[18] Segundo Lorenzo Minio-Paluelo, responsável pelo verbete biográfico sobre Boethius no Dictionary of Scientific Biography (vol. 2, pg. 228-236), editado por Charles Gillispie, o termo quadrivium fora provavelmente usado pela primeira vez por Boethius quando, na introdução de seu livro Aritmética, ele comenta que iria fazer um texto referente a cada uma das quatro disciplinas da Matemática, ou seja, Aritmética, Geometria, Música e Astronomia.

[19] Há de se ressaltar que a maior parte das fontes que tratam da vida de Pitágoras começaram a surgir somente a partir dos séculos 3 e 4 da era cristã. (veja-se em Cantor, Moritz. 1880-1908, 1, 147)

[20] Sua principal obra nessa área foi um Manual de Harmônica.

[21] Neste texto Nicomachus faz inicialmente uma apresentação sobre a importância filosófica da matemática e em seguida desenvolve assuntos ligados aos números, com definições, classificações, relações entre os números, etc. A obra, composta de 2 volumes, foi publicada em 1866, em Leipzig, em Latim, e em 1926, em Nova York foi traduzida para o inglês.

[22] Sobre suas atividades científicas existe um pequeno verbete em Lexikon des Mittealters. 1980-98, 1, 818-19 e em Gericke, Helmuth. 1994, 46. Em livros clássicos atuais sobre a história da matemática não foram encontradas referências a ele.

[23] Moritz Cantor, em sua monumental obra Vorlesungen über Geschichte der Mathematik, fez várias menções a Apuleius, porém em todos os casos é citada a referência de Cassiodorus ou Isidoro. Cantor, Moritz. 1880-1908.

[24] Veja-se em Montucla, Jean E. 1799-1802, Cantor, Moritz. 1880-1908 e Folkerts, Menso. 1970.

***

Leia mais em A Matemática de S. Isidoro de Sevilha e a Educação Medieval.

Leia mais em Sobre S. Isidoro de Sevilha.

Leia mais em S. Isidoro, Bispo de Sevilha e Doutor da Igreja.


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