Postagem em destaque

COMECE POR AQUI: Conheça o Blog Summa Mathematicae

Primeiramente quero agradecer bastante todo o apoio e todos que acessaram ao Summa Mathematicae . Já são mais de 100 textos divulgados por a...

Mais vistadas

Fundamentos da Pedagogia Cristã

A creche - Albert Anker - 1890

Tempo de leitura: 7 min.

Trazemos abaixo a revisão feita por A. Durão do livro Fundamentos de pedagogia cristiana. Guerrero, Eustaquio, S. J. - Vol. de 192 X 130 mm. e 383 pags., Editorial «Razón y Fe» Madrid, 1945. Foi publicada na Revista Portuguesa de Filosofia, T. 4, Fasc. 3 (Jul. - Sep., 1948), pp. 320-321.

A Pedagogia é a ciência da educação. E ser educador, de verdade, é fazer da criança, ignorante e débil, verdadeira tábua raza, um homem digno deste nome, um homem ideal.

E onde irá a Pedagogia encontrar o padrão do homem ideal? Não o encontra, por certo, na psicologia nem na sociologia. Estas ciências, que aliás são indispensáveis ao pedagogo, mostram o que o homem é, não ensinam o ideal que ele deve ser.

É à Ética e à Teologia que devemos pedir o ideal do homem, quer o consideremos como indivíduo, quer vejamos nele o cidadão. Está bem de ver que, sendo opostos entre si os conceitos das diversas escolas filosóficas acerca do fim do homem, desta oposição derivam orientações divergentes em pedagogia. Por outros termos, toda a pedagogia está inspirada numa filosofia e será pedagogia boa ou má segundo a filosofia de que depende. Destarte a Ética cristã também inspira uma Pedagogia e os seus princípios fundamentais estão formulados na Encíclica de Pio XI Divini illius magistri sobre a Educação Cristã da juventude.

Este livro do Padre Guerrero, que vamos analisar, e precisamente um comentário, tão erudito como vigoroso, das teses basilares da pedagogia cristã, quais resultam da referida Encíclica de Pio XI.

Como filósofo e seguindo logicamente o plano da Encíclica, divide o assunto pelas suas causas últimas, isto é, versa as causas final, eficiente e formal da educação cristã, em outros tantos capítulos ou partes.

É basilar o primeiro capítulo, que tem por objetivo o fim de toda a educação digna desse nome. Em palavras todos reconhecem que a educação visa o desenvolver harmonicamente todas as nossas faculdades, procurando formar o homem perfeito, tanto física. intelectual e moralmente, como sobretudo religiosamente. Só o Evangelho nos veio dar plena luz sobre este ponto basilar - o verdadeiro fim do homem e da sociedade. A educação cristã não destrói a natureza mas aperfeiçoa-a e eleva-a. Não despreza nenhum valor humano digno deste nome. O cristão deve dar o seu esforço a todo o progresso social e legitimo e na medida em que for bom cristão será o melhor dos cidadãos, mas logicamente subordina os valores temporais aos valores eternos.

O capítulo segundo versa o problema de filosofia jurídica: a quem incumbe o dever e o direito de educar a juventude? Problema de máxima atualidade. Segundo a Ética cristã o direito e o dever de educar cabe em primeiro lugar a Igreja e vem-lhe da maternidade espiritual, que de Cristo recebeu. Cabe também aos pais, por direito natural, porquanto receberam de Deus a missão de levarem à perfeição essa mesma vida que comunicaram a seus filhos em cooperação com o Autor de toda a vida.

Com isto, recusaremos ao Estado toda a competência educativa? De modo nenhum. Mas afirmamos que a sua intervenção deve ser limita pelo direitos da família e da Igreja, e contentar-se, quanto possível, com ser indireta e supletiva. Os regimes totalitários consideram o ensino como função do Estado, e isto explica-se: estão na lógica do seu erro! Mal se explica, porém, que o monopólio educativo seja a tendência dissimulada ou confessada de regimes que pretendem inspirar-se nos princípios democráticos. A defesa da liberdade de ensino esta feita neste segundo capitulo com logica contundente e erudição escolhida.

O capitulo terceiro examina a causa material ou sujeito da educação que é o homem. Mas é mister ter presente que nem herdamos a natureza humana totalmente pervertida, como opinavam os jansenistas, nem revestida de inocência paradisíaca, como pretendia Rousseau e ensinava a pedagogia naturalista. O pecado original é um dogma de fé e mui errada vai a educação que isto ignora. Aplicando este princípio, são condenáveis tanto a educação sexual imprudente como a coeducação dos sexos nos termos em que muitos a preconizam.

O capitulo quarto, o mais extenso, (abrange não menos de 134 paginas), trata da cooperação e harmonia que devem existir entre a Família, a Igreja e a Escola, a necessidade de dar aos alunos católicos um ensino integralmente católico, com professores católicos nos seus princípios e num ambiente cristão, o dever da parte do Estado de dar às escolas particulares auxílio econômico e isto por obrigação de justiça distributiva, de modo nenhum por mero favor, a paridade que se impõe entre o ensino particular e o ensino publico sem privilégios injustos para este último, o caráter humanístico e formativo do ensino secundário, coroado por sólidos estudos filosóficos, segundo a tradição secular da Igreja e as conclusões mais seguras da psicologia pedagógica; o ideal da Professor católico e a excelência do seu múnus... tais são as principais questões versadas nesta última parte do volume.

E o Autor, citando Santo Agostinho e Pio XI, remata com um hino à educação cristã. Esta por certo não pode suprimir no mundo o mal físico, as calamidades da natureza, as doenças e a morte, que são inevitáveis, mas ajudará a suportá-las. O que só pela educação cristã se pode conseguir é por diques a desordem das paixões, e, portanto, as calamidades morais, que afligem o mundo e constituem o homem algoz de si mesmo.

Também pomos termo às nossas impressões sobre este livro. Evidentemente, está longe de dizer tudo sobre a pedagogia cristã. Por exemplo não se espraia a considerar os seus aspectos psicológicos e práticos. Outro era o programa do A., como fica exposto. Mas o programa que concebeu cumpriu-o na perfeição. - A. Durão.

Texto disponível no LINK.

***

Leia mais em COMECE POR AQUI: Conheça o Blog Summa Mathematicae


Curta nossa página no Facebook Summa Mathematicae. Nossa página no Instagram.



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Total de visualizações de página